Fininho é réu na Operação Intocáveis, do MPRJ Foto: Reprodução
RIO — A polêmica provocada pela soltura de um preso pela Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) envolvendo outros órgãos ligados ao cumprimento da pena de um detento se repete. Oito meses depois que um dos principais chefes do tráfico, Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, foi posto em liberdade, embora houvesse outro mandado de prisão ativo pela 3ª Vara Criminal da Capital, o Ministério Público do Rio (MPRJ) afirma que o mesmo "equívoco" ocorreu com uma das lideranças das milícias de Rio das Pedras, Marcus Vinícius Reis dos Santos, o Fininho. A Seap, no entanto, garante que tomou todas as providências para verificar se o custodiado poderia deixar o sistema, inclusive apresentou ao Extra um documento expedido pela Divisão de Vigilância de Capturas da Polícia Interestadual (DVC-Polinter).
Chefe da milícia de Rio das Pedras e da Muzema, Fininho foi preso na Operação Intocáveis, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ, em janeiro de 2019. Apesar de ter sido condenado pelo 4º Tribunal do Júri a nove anos de prisão por integrar uma organização criminosa, no fim de dezembro do ano passado, o miliciano ganhou o benefício da progressão de regime há no mês passado. Segundo o MPRJ, contra ele havia ainda um mandado de prisão ativo na 1ª Vara Especializada Criminal, pelo crime de lavagem de dinheiro. Fininho foi preso na última sexta-feira em sua cobertura no Recreio dos Bandeirantes, pelos agentes da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do MPRJ, que conta com o apoio de policiais militares cedidos ao órgão.
A Seap informou, neste sábado, que a "Subsecretaria de Inteligência do Sistema Penitenciário monitora e acompanha o cumprimento de pena das principais lideranças das organizações criminosas". A secretaria esclareceu que, ao receber o alvará de soltura de Fininho no dia 22 de fevereiro, consultou o Sistema Eletrônico de Execução Unificado, constatando que o documento era autêntico. Partiu-se, então, para a verificação na DVC-Polinter, se havia outro mandado pendente contra o miliciano. Daí a informação, vinda da Polícia Civil, após análise no sistema da corporação, procedimento conhecido como "sarqueamento", que não havia nenhuma objeção à soltura de Fininho, segundo a Seap.
Além disso, a Seap informou que consultou o Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no qual também nada constava contra o preso. Até o meio-dia deste sábado, apesar de existir o mandado contra Fininho na 1ª Vara Especializada Criminal, o BNMP ainda está desatualizado.
O serviço de inteligência da Seap acrescentou que Fininho é aferido como preso de alta periculosidade. Ele tem anotações criminais em sua ficha por homicídio e organização criminosa. Como um dos chefes das milícias de Rio das Pedras e da Muzema, ele pertencia ao bando do ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Adriano da Nóbrega, morto na Bahia em fevereiro de 2020.
Segundo o MPRJ, Adriano também era chefe do grupo de matadores de aluguel Escritório do Crime. O Ministério Público do Rio reafirmou, neste sábado, a existência do mandado de prisão contra Fininho na 1ª Vara Especializada Criminal e, por meio de nota informou que: "havia mandado ativo no BNMP conforme informado pela Vara Especializada".
A Polícia Civil foi procurada para dar esclarecimentos sobre o "sarqueamento" de Fininho, mas, até o momento, não houve resposta
Extra o Globo
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