Duas estudantes da Universidade Católica do Salvador (Ucsal)
denunciaram ter sido filmadas dentro de um banheiro feminino da
instituição de ensino, no campus localizado no bairro de Pituaçu, em
Salvador. O episódio ocorreu na última quarta-feira (4), e uma das
vítimas chegou a levar o caso à imprensa, enquanto a outra relatou o
fato à própria universidade. O autor da gravação ainda não foi
identificado. Também não há informações se o assédio teria sido cometido
por um mesmo suspeito.
“Ela
se escondeu, mas parece que a pessoa já tinha tido tempo suficiente de
tirar foto, vídeo, e tal, e na saída do banheiro ela [a estudante]
conseguiu ver a pessoa. Eles [suspeito e vítima] trocaram olhares, e ela
consegue descrever, apesar da máscara que ele usava, que era um homem
branco, de meia idade, careca, então ela traz alguns elementos de alguém
que realmente viu”, continuou.
Ainda de acordo com Aline, a
estudante chegou a relatar o episódio a um funcionário da faculdade. “A
janela do banheiro dá acesso a uma área que parece uma sala de depósito,
algo que não é de livre acesso aos alunos, é de acesso exclusivo para
funcionários, enfim. Então, ela procurou o apoio de alguém da
manutenção, da limpeza, para poder saber quem poderia ver quem era
pessoa, ela não encontrou, procurou uma colega, essa colega, com ela,
procurou uma pessoa da supervisão, provavelmente, e que não se
identificou”, explicou a advogada.
Entretanto, segundo Aline, o
funcionário passou a questionar a veracidade da denúncia feita pela
estudante. “A todo momento essa pessoa questionava se era verdade, se
ela tinha certeza que tinha alguém, como ela sabia que era alguém que
estava a olhando, por que estava a filmando, meio que descreditando a
versão dela [da estudante]”, completou.
O
segundo caso de assédio que teria ocorrido dentro de um banheiro da
Ucsal, na última quarta-feira, foi relatado pelo pró-reitor de graduação
da universidade, o professor David Lorenzo, ao BNews. Segundo o educador, uma estudante do curso de direito procurou a faculdade, logo após o episódio, para denunciar o caso.
"Nós
já conversamos com a aluna, ela foi acolhida pela universidade,
conversou com a coordenação do curso, com a equipe psicopedagógica que
nós temos, e que faz o tratamento de acolhimento em geral dos nossos
alunos. Ela reportou o fato, estava muito inquieta com o que aconteceu,
mas saiu já mais tranquila, por saber que a universidade vai seguir
assumindo as medidas institucionalmente estabelecidas. Ela não viu quem
identificou o ato porque ela só identificou que havia ocorrido a
fotografia, mas ela não viu a pessoa”, informou.
“Vai ser aberto
um procedimento indisciplinar, que é o elemento que a universidade
oferece para apurar o evento e entender o que efetivamente aconteceu,
quem foi a pessoa que cometeu esse lícito supostamente ocorrido, para
que se possa tomar também as medidas disciplinares estabelecidas
institucionalmente”, acrescentou o pró-reitor.
Questionado pela reportagem sobre o motivo pelo qual a Ucsal não registrou a ocorrência na polícia,
David Lorenzo justificou: "Porque a gente não tem ainda elementos sobre
a autoria que demandem um procedimento desta ordem, e exatamente por
esta razão, o procedimento apuratório está sendo deflagrado, para que
com mais evidências a gente possa, enfim, ter as movimentações com os
outros segmentos do poder público, com uma delegacia, para serem
realizados com a instituição”.
Até a tarde desta sexta-feira, a
Ucsal não teria tomado conhecimento do episódio envolvendo o assédio
sofrido pela aluna do curso de biomedicina. Após apuração do BNews,
a instituição de ensino e a advogada da vítima estiveram em contato, e
segundo as partes, a estudante, acompanhada da mãe, deve comparecer à
faculdade para, mais uma vez, registrar a denúncia.
BNEWS
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