Há algumas semanas, o país presenciou um caso que chocou os brasileiros e movimentou toda a web. Após ser ameaçada de exposição, a atriz Klara Castanho publicou uma carta aberta revelando ter sido vítima de estupro, tendo engravidado e entregado o bebê para a adoção, por conta da violência sofrida.
Entretanto, algumas pessoas se questionaram sobre a veracidade dos fatos apresentados pela artista, já que ela revelou não ter denunciado o ocorrido à Justiça na época. Apesar de parecer simples para muitas pessoas fazer a denúncia, somente 7 em cada 100 casos são registrados nas delegacias especializadas.
“O número elevado de violência sexual nem sempre reflete, de maneira proporcional, ao número de denúncias. Existem diversos fatores que interferem diretamente nas cifras ocultas desse tipo de crime. Alguns órgãos oficiais, como as delegacias, nem sempre estão preparadas para receber as vítimas desses crimes”, afirmou o advogado Léo Carvalho em entrevista ao BNews.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou cerca de 66.020 casos de estupros em 2021. Só na Bahia foram computadas 3.180 denúncias, deixando o estado entre os 10 mais violentos do país neste tipo de crime. Ainda segundo os dados, 75,5% das vítimas estavam vulneráveis, incapazes de consentir a relação.
“É importante lembrar também que, as vezes, a vítima tem dificuldade de identificar que alguns atos, inclusive praticados pelo próprios parceiros, namorados ou cônjuges, que são considerados violência sexual”, completa o advogado.
Procurada pela reportagem do Bnews, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) comentou sobre o índice do Estado. “A Secretaria da Segurança Pública ressalta que abomina qualquer tipo de violência sexual e solicita que a vítima sempre registre o caso em uma unidade da Polícia Civil que trabalhará para identificar e prender o autor”, informaram em nota.
Em caso de identificação do crime, as denúncias podem ser feitas através do número 100 e 180 (disque denúncia). Além do registro na delegacia mais próxima da residência da vítima ou em delegacias especializadas para violência contra a mulher, em que acontecem rondas diárias de acolhimento à vítima.
“Além das Deams e Delegacias Territoriais, a vítima pode prestar queixa através da Delegacia Virtual. Na ferramenta tecnológica é possível também solicitar uma medida protetiva de urgência. A partir dessa ordem judicial, a SSP conta também com a atuação da Ronda Maria da Penha da Polícia Militar. A unidade acompanha as mulheres com medidas protetivas”, reforçou o órgão.
*A reportagem do Bnews procurou a Polícia Civil, através da assessoria de imprensa, que informou não ter fonte disponível para comentar sobre o número de casos de violência sexual na Bahia.
BNEWS
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