Lula discursa em evento em Diadema (SP) Edilson Danta |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi criticado neste fim de semana pela militância bolsonarista que destacou trecho de seu discurso feito no sábado (9), no "ato pela democracia" convocado por partidos de esquerda em Diadema, na Grande São Paulo. Do palco, o petista agradeceu ao ex-vereador do PT Manoel Eduardo Marinho, o Maninho do PT, que foi preso após agredir um empresário em abril de 2018. A vítima sofreu traumatismo craniano e o militante foi acusado de tentativa de homicídio qualificado pelo qual ficou preso por sete meses.
Naquela ocasião, petistas protestavam em frente ao Instituto Lula, em São Paulo, quando Carlos Alberto Bettoni se aproximou e ofendeu lideranças petistas que deixavam o prédio. Maninho empurrou Bettoni contra um caminhão que passava pela rua.
Em Diadema, cidade na qual Maninho foi vereador entre 2001 e 2016, Lula afirmou no sábado que o aliado ficou preso sete meses "porque resolveu não permitir que um cara ficasse me xingando na porta do instituto".
— Então, Maninho, eu quero em teu nome agradecer a toda solidariedade do povo de Diadema. Porque foi o Maninho e o filho dele que tiveram nessa batalha. Obrigado, Maninho. Essa dívida que eu tenho com você, jamais a gente pode pagar em dinheiro, a gente vai pagar em solidariedade, em companheirismo — discursou o ex-presidente.
Nas redes sociais, bolsonaristas destacaram a declaração para criticar o adversário. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do presidente da República, compartilhou o vídeo do discurso e afirmou que Maninho do PT "é aquele que, juntamente com o filho, quase matou um empresário que bateu a cabeça num caminhão". A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) tuitou que "Lula elogia barbárie, incentiva o crime" e que "é esse tipo de fotografia que Lula quer para seu país".
A declaração de Lula dominou as redes bolsonaristas desde o sábado. Influenciadores e políticos compararam a homenagem e a agressão ao episódio ocorrido no mesmo dia em Foz do Iguaçu (PR), quando o guarda municipal Marcelo Arruda, ex-candidato a vice-prefeito na chapa do PT em 2020, foi assassinado durante a comemoração do seu aniversário. Por causa da festa com tema do PT, um simpatizante de Jair Bolsonaro, o policial penal José da Rocha Guaranho, interrompeu o evento e atirou contra Arruda, que revidou com disparos antes de morrer. Ao contrário do que foi informado anteriormente pela polícia, o agente penal Jorge José não morreu e está no hospital sob custódia. Seu estado de saúde é estável. O Partido dos Trabalhadores denunciou o que qualificou de "violência bolsonarista".
Ao GLOBO, Maninho lamentou o ocorrido em 2018. Afirmou se tratar de um episódio de "infelicidade" e que "quer apagá-lo da memória". Procurada, a pré-campanha de Lula informou que não irá se manifestar.
Fonte:O Globo
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