Por que os presidenciáveis vieram para a Bahia no 2 de Julho?

 Foto Ciro: Dinaldo Silva/BNews; Foto Bolsonaro: Clauber Cleber Caetano/PR; Foto Lula: Ricardo Stuckert/Divulgação; Foto Tebet: Reprodução / Twitter / @simonetebetbr

O ano era 1993 e o então governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães sofrera um duro golpe nas eleições de 1992 ao ver Lídice da Mata vencer em Salvador e se tornar prefeita. A então Psdbista era crítica ferrenha de ACM, que governava a Bahia pela terceira e última vez. O cabo de guerra entre os dois se agravaria num 2 de Julho como o deste sábado, em que a Independência da Bahia -a verdadeira do Brasil, como nosso bairrismo adora lembrar- completa 199 anos.

Naquela ocasião, ACM queria proibir Lídice de fazer o desfile em posição de destaque. A prefeita bateu o pé, afirmou que era prefeita da capital da Bahia e iria, sim, ficar na comissão de frente. ACM retrucou que, portanto, todo aplauso dali em diante seria dele: e toda vaia, direcionada a ela. E os dois seguiram.A história é lembrada atualmente como curiosidade, mas ilustra bem a importância da festa da Independência da Bahia para a política. Em ano eleitoral, o 2 de Julho se torna ainda mais importante e a presença dos quatro principais nomes pré-candidatos à presidência aqui no Estado durante a data atesta isso. Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Simone Tebet (MDB) cumprem agenda em Salvador neste feriado

Cientista político, Claudio André explica que o 2 de Julho é mais do que uma data cívica importante: o dia também tem um caráter popular muito poderoso e isso atrai políticos para o estado nessa ocasião. Some isso ao fato da Bahia ser o 4º maior colégio eleitoral do país e está pronta a fórmula. Quem quer se eleger, tem que passar por aqui.

"A importância do 2 de Julho está ligada às condições de mobilização dos candidatos. É um teste. Neste ano é ainda maior pelo cenário nacional, com a presença de diversos candidatos", explicou Claudio André antes de detalhar motivos particulares de cada um dos presidenciáveis.

Ciro veio para estreitar laços com ACM Neto (União Brasil) e confirmou a tese ao declarar apoio para o ex-prefeito de Salvador em coletiva que deu durante sua passagem pela capital baiana, após reunião com Bruno Reis (União Brasil), atual prefeito de Salvador e aliado de Neto."Ele sabe que uma parte do seu eleitorado que apoia ACM Neto vai votar nele e a presença é importante para amarrar o apoio que ele está buscando. Ciro, diante de ter pouco voto, tem se preocupado também de cuidar de visitar os estados para alavancar candidaturas majoritárias e proporcionais", disse Claudio André.

Para Lula, a estratégia é mais local. Vice-colocado nas pesquisas de intenção de voto divulgadas até o momento, Jerônimo Rodrigues (PT) aposta no voto casado para tentar desbancar ACM Neto e sabe da força que o ex-presidente tem na Bahia.

"O objetivo de Lula é muito mais local porque se espera que a presença dele ajude a mobilizar as forças políticas em torno de Jerônimo e essa dobradinha é a grande estratégia dos petistas para alavancar essa candidatura e gerar esse voto casado, esse alinhamento estadual e nacional", detalhou o especialista.

Bolsonaro, por sua vez, busca o poder eleitoral da Bahia e tenta demonstrar força. Em Feira de Santana, a motociata do atual presidente mobilizou milhares de pessoas e é nesse tipo de recado que ele aposta para engajar a sua militância e não ser o primeiro presidente a não conseguir a reeleição desde que ela foi permitida no Brasil, em 1998.

"Dilma, Lula, FHC foram reeleitos e nós temos, neste cenário, uma dificuldade do presidente e a presença dele para mobilizar sua militância cativa, convicta. Ele aposta nessa mobilização como uma forma de amarrar seus votos e aumentar o engajamento de sua militância para o início oficial do calendário eleitoral", completou Claudio André.

Cívica, popular e política: três adjetivos que falam bem sobre a data 2 de Julho quando o assunto é política, que volta a ser comemorada nas ruas após dois anos de pandemia e já chega com o termômetro elevadíssimo. Mais uma história para tantas na terra do hino que canta orgulhosa que, com tiranos, não combinam brasileiros corações.

BNEWS

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