Cinco pessoas já foram ouvidas na 1ª Delegacia Territorial (DT) dos Barris, em Salvador, sobre o inquérito policial que investiga a denúncia de tortura contra dois trabalhadores que foram agredidos pelos patrões, neste mês. Uma das vítimas teve as mãos queimadas com o número 171, referente ao artigo do código penal referente ao crime de estelionato.
Segundo a polícia, entre os depoimentos coletados, até esta terça-feira (30), estão os dos denunciantes, das mães deles e de um dos suspeitos, o empresário Alexandre Carvalho Santos.
A Polícia Civil informou que os laudos de exames de lesões corporais vão contribuir para os próximos passos da investigação, a partir da gravidade das lesões constatadas.
O momento em que os trabalhadores William de Jesus, de 21 anos, e Marcos Eduardo foram torturados e agredidos a pauladas pelo empresário Alexandre Carvalho Santos, em Salvador, foi registrado por imagens de uma câmera de um celular por outro empresário, que também é responsável pelo estabelecimento e não teve o nome divulgado. [Assista no início da reportagem]
No vídeo, o empresário alega ter identificado os funcionários roubando na loja. Em um trecho ele diz: "Mais um ladrão aqui, mais um ladrão, pessoal. Trabalhou para mim, a gente deu moral e confiança, e ele metendo a mão no dinheiro".
Em seguida, o empresário obriga Marcos Eduardo a estender a mão direita e a atinge com uma paulada. O trabalhador balança a mão com intuito de amenizar a dor. O empresário manda o funcionário esticar a mão esquerda, e o acerta novamente com outra paulada. As agressões seguem por ao menos três vezes, em cada mão, até o vídeo ser finalizado.
Já William de Jesus teve um pano colocado na boca, e as mãos marcadas com ferro quente com o número “171”, em referência ao crime de estelionato estabelecido no Código Penal. O jovem aparece agonizando de dor no vídeo.
"Ele falou: 'eu só não vou queimar sua testa porque você já é feio. Com a testa queimada vai ficar mais feio ainda, então vou queimar na mão'", detalhou William.
Os empresários suspeitos foram procurados pelo g1, mas não se manifestaram até a publicação desta reportagem. O caso também é investigado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-BA).
O delegado William Achan, responsável por investigar o crime, informou que o suspeito admitiu ter feito “justiça com as próprias mãos”.
O segundo homem, que filmou a tortura, também deve ser ouvido pela polícia, mas a data não foi detalhada. Ninguém foi preso até a noite desta terça-feira.
G1
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