Fundada em 1891, a Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba) passou a ter, na sexta-feira (5), o primeiro negro ocupando o cargo de professor titular na instituição. O feito foi conseguido pelo promotor de Justiça do Ministério Público da Bahia (MP-BA) e professor de Direito Ambiental da instituição de ensino, Heron Gordilho.
Heron Gordilho foi aprovado por uma comissão julgadora, formada por cinco avaliadores da Bahia e de fora do Brasil, após apresentar um memorial.
A banca foi presidida pelo professor emérito da Ufba, vereador e ex-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito. Ele dedicou 50 anos de sua vida à universidade baiana e foi o primeiro homem negro a fazer parte do corpo docente da instituição.
O professor destacou que apesar de se sentir orgulhoso por alcançar o cargo, não sente honra pelo fato de ser o primeiro professor titular negro da Faculdade de Direito da Ufba.
“Queria ser o centésimo. Tenho orgulho, sim, de alcançar esse cargo. O último membro do Ministério Público que ocupou esse cargo foi professor Calmon de Passos, como professor catedrático [...] A nossa sociedade, mesmo sendo composta por 80% de pessoas negras, precisou de 131 anos para um professor negro ocupar esse cargo", disse.
"Precisou professor Edvaldo ir para a USP para ocupar esse lugar. É essa desigualdade socio-racial que eu luto para que tenha algum tipo de compensação porque uma sociedade menos desigual, menos estratificada significa menos violência, mais desenvolvimento”, argumentou o novo professor titular.
O presidente da Associação do Ministério Público da Bahia (AMPEB), Adriano Assis, que acompanhou a apresentação do memorial à banca julgadora, apontou que a conquista de Gordilho não é apenas individual.
“O colega Heron, que é um professor muito reconhecido na Bahia, no Brasil e no exterior, onde já participou de atividades acadêmicas em vários países, como Estados Unidos e França, traz uma conquista para a própria sociedade baiana, pois se trata do primeiro professor negro a alçar à condição de titular na Faculdade de Direito da Ufba", afirmou.
Inspirada no pai, Mariana Gordilho estuda Direito e não escondeu o orgulho ao vê-lo alcançar mais essa conquista.
“É uma honra muito grande e foi muito merecido. Ele estuda continuamente e tenta combater através de ações, mais do que com discursos, problemas relacionados ao preconceito e a questões raciais. Espero que sirva de inspiração para outras pessoas, como serve para mim, vê-lo abordando a quebra de sistemas pré-concebidos”, acrescentou Mariana.
Os procuradores de Justiça do MP-BA Márcia Virgens e Marco Antônio Chaves também acompanharam a apresentação do memorial, assim como alunos e amigos do professor Heron Gordilho.
G1
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