Golpistas se passam por membros de facção para extorquir dinheiro e ameaçar moradores

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Os criminosos têm aumentado o tom das ameaças à população com o objetivo de extorquir dinheiro. Em Apiaí, no interior de São Paulo, alguns moradores têm recebido vídeos, mensagens e fotos de golpistas se passando por 'membros de facção criminosa'. Encapuzados e armados, ameaçam e dizem conhecer os familiares. A promessa é de "derramar sangue" caso as ordens não sejam acatadas, no caso, os depósitos. (veja o vídeo acima)

A enfermeira e dermatoterapeuta, Marilene Lessa, de 48 anos, contou ao g1, neste sábado (3), ter sido alvo de uma dessas ameaças. Segundo ela, ao pegar o celular pela manhã percebeu que havia uma ligação perdida e várias mensagens enviadas pelo mesmo número.

Entre as mensagens enviadas pelos golpistas, tinha uma foto de Marilene com um 'X.9 decretado' [a sigla é usada para quem dedura algo]. Na sequência, os bandidos enviaram os seguintes textos:

  • “Estou recebendo informações de que você anda denunciado o nosso tráfico de droga aqui na cidade. Quero saber se procede. Seja transparente comigo, pois o assunto é grave e sério".
  • "Foto sua chegou até o grupo da nossa facção”.
Golpistas se passam por membros de facção para extorquir dinheiro e ameaçar moradores em Apiaí — Foto: Reprodução

Golpistas se passam por membros de facção para extorquir dinheiro e ameaçar moradores em Apiaí — Foto: Reprodução

Enquanto lia as mensagens os criminosos ligaram novamente. Ao atender a ligação, segundo Mariele, 'falaram que iam explodir o posto de saúde onde ela trabalha'.

Ao perceber se tratar de um golpe a enfermeira disse: "vão caçar o que fazer, porque eu estou trabalhando e tenho muito que fazer". Em seguida, enviaram um vídeo a ameaçando e ela respondeu: ‘bom dia, Deus abençoe vocês’”.

Marilene afirma que não deu tempo dos golpistas pedirem dinheiro, e que ficou revoltada com essa situação, pois há um mês outro golpista ligou para ela fingindo ser seu filho para pedir dinheiro. “A gente trabalha tanto para ser incomodada por esses marginais”, desabafou.

Outro alvo

O médico veterinário Patrick Rafael Teixeira, de 39 anos, também recebeu mensagens de ameaça do mesmo número. As características do crime, inclusive, eram as mesmas, mas, em vez de 'X.9' o chamaram de 'talarico' [termo usado para quem dá em cima de mulher de amigo]. No caso dele, ainda enviaram uma imagem da filha com um 'X' sobre o rosto. (abaixo as mensagens)

  • “Aqui quem está falando é o Thiaguinho, disciplina geral da cidade. Você está querendo trazer problema para nossa cidade, irmão? Foto sua e da sua família chegou no grupo da nossa facção".
  • Passa a visão dessa caminhada aí mano, porque está ‘maior trem’ para o teu lado. Você está querendo ver o sangue da sua família derramado?
  • Vai ser preciso mandar os guris trazer você até o tribunal do crime?”

O veterinário foi imediatamente à delegacia, onde foi informado de que seria um golpe de extorsão. “Na hora fiquei preocupado, pois se tratava de uma ameaça, que dizia em derramamento de sangue de minha família. Se te falar que não fiquei assustado estarei mentindo".

Patrick ressaltou ter ficado ainda mais assustado com as imagens recebidas: "usaram a foto da minha filha de coração para me assustar. Como a gente não sabe se realmente é um golpe ou não, o melhor a se fazer é comunicar as autoridades policiais”.

Secretaria de Segurança Pública do Estado

A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) informou, em nota, que as forças de segurança estão empenhadas diuturnamente no combate a todas as modalidades criminosas, incluindo o estelionato – independentemente do meio em que aconteça. São Paulo [estado] conta com a Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que foi criada para combater os crimes cometidos por meios eletrônicos.

A Polícia Civil ressaltou que é essencial o registro de ocorrências, seja em uma delegacia territorial ou pela Delegacia Eletrônica. Tais ações contribuem para que os crimes sejam devidamente investigados e os autores punidos.

No caso do estelionato, a representação criminal por parte da vítima é necessária, conforme determina a lei. Para orientar a população sobre as modalidades de golpes existentes e como evitá-los, a Polícia Civil disponibiliza uma cartilha que reúne recomendações e orientações para auxiliar o entendimento destas modalidades criminosas.

Fonte:G1

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