Os moradores e as família de Marcelo Daniel dizem que ele foi assassinado após se render e que ele não tinha envolvimento com crimes. Já a Polícia Militar afirma que encontrou o jovem morto no local, deu socorro e levou para o Hospital Geral do Estado (HGE), local em que morreu quatro dias depois.
O velório de Marcelo Daniel foi marcado pela comoção dos familiares e amigos do jovem. Quando o corpo era levado para o local do sepultamento, as pessoas viram policiais militares parados na frente do cemitério e entoaram gritos de "assassinos".
Após o sepultamento, na saída do cemitério, os policiais militares revistaram todas as pessoas que entraram em um ônibus, estacionado no local. A ação dos PMs causou revolta da população.
"Marcelo é amor, coração, amigo. Vocês estão vendo quem era Marcelo, gente boa, brother. Meu filho não devia nada, não fazia nada, quando saía eu ficava preocupada por causa da violência", disse Evanir Ferreira, mãe do jovem.
Segurança reforçada
Segurança é reforçada no Complexo do Nordeste de Amaralina após morte de jovem e protesto — Foto: Divulgação/Polícia Militar
Segundo a Polícia Militar, o patrulhamento foi reforçado pelo Comando de Policiamento Regional da Capital (CPRC) Atlântico. Unidades territoriais e especializadas ampliaram a ostensividade nas entradas, saídas e finais de linha.
De acordo com a PM, abordagens a carros, motocicletas, ônibus e pedestres são realizadas para evitar qualquer ação ilícita. Denúncias de crimes na região podem ser feitas através dos telefones 190 (Centro Integrado de Comunicações - Cicom) e 181 (Disque Denúncia). O sigilo é garantido.
Segurança é reforçada no Complexo do Nordeste de Amaralina após morte de jovem e protesto — Foto: Divulgação/Polícia Militar
Protesto
Manifestantes bloqueiam Avenida Octávio Mangabeira, em Salvador
Os manifestantes queimaram objetos e atravessaram dois ônibus na Avenida Amaralina. Marcelo Daniel foi internado no Hospital Geral do Estado (HGE), após ser atingido por disparos de arma de fogo no último sábado (24), no bairro do Nordeste de Amaralina. Na quarta-feira, ele não resistiu aos ferimentos.
Um dos ônibus que foi atravessado em via do bairro de Amaralina, em Salvador — Foto: Reprodução/Redes Socias
Testemunhas disseram que Marcelo Daniel e outro homem, de prenome Adeilton, de 34 anos, foram baleados em uma operação da Polícia Militar. Adeilton segue internado no HGE.
Já a PM, informou que as equipes da Companhia Independente de Policiamento Tático/Rondesp encontraram os dois baleados, na noite da véspera de Natal, no Nordeste de Amaralina, e que não atiraram contra eles.
Outro ônibus que foi atravessado na Avenida Amaralina durante o protesto desta quarta-feira (28) — Foto: Reprodução/Redes Sociais
No protesto desta quarta, o grupo pediu justiça pela morte do jovem e o ato causou congestionamento tanto para quem deixava a Avenida Manoel Dias, sentido o bairro do Rio Vermelho, quanto para quem saía do Rio Vermelho sentido o bairro da Pituba.
Manifestação causou congestionamento no bairro de Amaralina, em Salvador — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Os manifestantes queimaram objetos para interditar a via. Eles também levaram cartazes com pedidos de justiça pela morte do jovem.
A Polícia Militar foi acionada após informações da manifestação na Avenida Visconde de Itaborahy e foi ao local. Após negociações e o controle das chamas pelo Corpo de Bombeiros, a via foi parcialmente liberada. O policiamento foi intensificado no local, informou a PM.
Após a liberação na região de Amaralina, os manifestantes seguiram para a Lucaia. Por volta das 20h30 eles atravessaram um veículo na entrava do Vale das Pedrinhas, o que causou congestionamento no sentido Iguatemi.
Após morte de jovem no Nordeste de Amaralina, grupo pediu justiça e fez protesto nesta quarta (28), em Salvador — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Caso
Marcelo Daniel e Adeilton, foram baleados e socorridos para o HGE. Daiane, irmã de Adeilton, disse que ele foi atingido por quatro tiros e passou por duas cirurgias.
"Estávamos em um momento de Natal em família, nos divertindo e eles [policiais] chegaram atirando. Se não fosse o pessoal aqui, eles iriam matar meu irmão, dizer que foi troca de tiros e jogar drogas em meu irmão [para armar um flagrante]", relatou.
Por meio de nota, a PM informou que equipes da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT)/Rondesp Atlântico localizaram homens armados que, ao avistarem as equipes, teriam atirado contra os policiais. Conforme informações da unidade, houve revide, mas os suspeitos fugiram.
Ainda na nota, a PM disse que, em outra localidade, conhecida por Alto do Capim, moradores informaram que havia um homem baleado, sem indicação de autoria ou circunstância. Os militares prestaram socorro e encaminharam o ferido para o HGE.
Em outro ponto, conhecido como "Cracolândia", a equipe foi acionada para atendimento de outro homem ferido em via pública, segundo a PM. Ele também foi socorrido pelos policiais para o HGE. As ocorrências foram registradas no posto policial da unidade de saúde.
G1 Bahia
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