Dois delegados e 11 agentes das Polícias Civil e Militar são condenados a penas de até 119 anos; veja a lista

 

De acordo com a sentença, o delegado Rodrigo Santoro era um dos chefes da organização criminosa Foto: Reprodução

O juiz da 2ª Vara Criminal do Fórum Regional de Santa Cruz, Juarez Costa de Andrade, condenou dois delegados e nove agentes da Polícia Civil, dois policiais militares, um bombeiro e sete civis a penas que variam de três a 119 anos de prisão. De acordo com a sentença, o delegado Rodrigo Santoro e o policial civil aposentado Delmo Fernandes eram os chefes da organização criminosa, especializada na prática de crimes como extorsão mediante sequestro, usurpação de função pública e corrupção. Santoro e Fernandes terão que cumprir pena de 16 anos e quatro meses e 53 anos e 10 meses de prisão em regime fechado, respectivamente.

O outro delegado apontado como integrante da quadrilha é Thiago Luis Martins da Silva. Sua pena foi de 15 anos de reclusão em regime fechado. O magistrado determinou também que todos os funcionários públicos perdessem o cargo público. Só Fernandes, que, por ser aposentado e inativo, não teve seus proventos cassados devido à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que veta tal punição aos aposentados.

Em sua sentença, o magistrado ressalta que: "como esclareceu a denúncia, tratava-se de estrutura organizada, com hierarquia e comando estável e persistente. Sintoma maior disto é que os policiais componentes do núcleo duro da organização acompanhavam o delegado Rodrigo Santoro e o chefe Delmo Fernandes".

O processo por envolver muitos integrantes, foi desmembrado em dois, justamente para ficar mais claro no momento de individualizar as penas. Na sentença do juiz Juarez Costa Andrade, Santoro e Rodrigues aparecem como os responsáveis pela quadrilha. O integrante do bando condenado a maior pena é o policial civil Carlos Tadeu Gomes Freitas Filho: 119 anos de reclusão.

De acordo com as investigações do Ministério Público e da Corregedoria de Polícia Civil, os crimes foram praticados pela organização criminosa entre 2016 e 2017, quando seus integrantes ficaram à frente da 34ª DP (Bangu), 36ª DP (Santa Cruz) e, por último, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Niterói. Em setembro de 2017, os investigadores desencadearam a Operação Quarto Elemento para combater a organização criminosa que usava a estrutura da Polícia Civil do Rio para a prática de extorsões.

As atribuições de cada membro do grupo eram bem definidas. Os policiais civis auxiliados por PMs, um bombeiro, informantes e um comerciante tinham como objetivo obter, direta ou indiretamente, vantagem econômica. A partir de dados sobre pessoas envolvidas em atividades ilícitas, a quadrilha exigia dinheiro dos alvos em troca da liberdade deles, ou seja, havia a prática do crime de extorsão. Os policiais também permitiam que os informantes (X-9 ou alcaguetes) usassem distintivos e armas da Polícia Civil. Liberavam até os civis, travestidos de agentes da lei, de dirigirem os carros da instituição para a prática de crimes.
Fonte;Extra o Globo

Veja a lista com os nomes dos condenados nos dois processos:

  • Rodrigo Sebastian Santoro Nunes – 16 anos e 4 meses e perda do cargo público de delegado da Polícia Civil
  • Thiago Luis Martins da Silva – 15 anos de prisão e perda do cargo público de delegado da Polícia Civil
  • Carlos Tadeu Gomes Freitas Filho – 119 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
  • Xavier Fernandes Coelho – 80 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
  • Rafael Ferreira dos Santos – 59 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
  • Ricardo da Costa Canavarro – 30 anos e 4 meses de prisão e perda do cargo público de policial civil
  • Anderson Pereira Ferreira – 10 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
  • Rafael Berg de Carvalho – 6 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
  • Rafael Luz Souza – 3 anos e 4 meses de prisão e perda do cargo público de policial civil
  • Antônio Sérgio de Almeida Mazolli – 3 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
  • Delmo Fernandes Baptista Nunes – 53 anos e 10 meses de prisão, sem a perda do cargo público por ser policial civil aposentado
  • Valsi Câmara da Silva – 6 anos de prisão e perda do cargo de policial militar
  • Márcio de Miranda – 3 anos de prisão e perda do cargo de policial militar
  • Mauro Gomes de Souza – 6 anos de prisão e perda do cargo público de bombeiro militar
  • Luiz Felipe Freitas Maio – 21 anos e 4 meses de prisão – comerciante que desviava e negociava as mercadorias ilegalmente
  • Ricardo Vilas Boas dos Santos – 9 anos e 4 meses de prisão – informante que atuava nas operações como policial civil
  • Washington Aloísio Costa – 8 anos de prisão – responsável pelo recolhimento do dinheiro obtido por meio de extorsões de vendedores ambulantes
  • Paulo Pinto – 6 anos, 2 meses e 20 dias de prisão – informante que atuava nas operações como policial civil
  • Alessandro Alves Trindade – 6 anos de prisão – atuava nas ações como se fosse policial civil
  • Marcos Ricardo Gomes – 2 anos e 8 meses de prisão – informante que atuava nas operações como policial civil
  • Raphael Nonato dos Santos Lopes – 29 anos e 8 meses de prisão

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