De acordo com a sentença, o delegado Rodrigo Santoro era um dos chefes da organização criminosa Foto: Reprodução
O juiz da 2ª Vara Criminal do Fórum Regional de Santa Cruz, Juarez Costa de Andrade, condenou dois delegados e nove agentes da Polícia Civil, dois policiais militares, um bombeiro e sete civis a penas que variam de três a 119 anos de prisão. De acordo com a sentença, o delegado Rodrigo Santoro e o policial civil aposentado Delmo Fernandes eram os chefes da organização criminosa, especializada na prática de crimes como extorsão mediante sequestro, usurpação de função pública e corrupção. Santoro e Fernandes terão que cumprir pena de 16 anos e quatro meses e 53 anos e 10 meses de prisão em regime fechado, respectivamente.
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Em sua sentença, o magistrado ressalta que: "como esclareceu a denúncia, tratava-se de estrutura organizada, com hierarquia e comando estável e persistente. Sintoma maior disto é que os policiais componentes do núcleo duro da organização acompanhavam o delegado Rodrigo Santoro e o chefe Delmo Fernandes".
O processo por envolver muitos integrantes, foi desmembrado em dois, justamente para ficar mais claro no momento de individualizar as penas. Na sentença do juiz Juarez Costa Andrade, Santoro e Rodrigues aparecem como os responsáveis pela quadrilha. O integrante do bando condenado a maior pena é o policial civil Carlos Tadeu Gomes Freitas Filho: 119 anos de reclusão.De acordo com as investigações do Ministério Público e da Corregedoria de Polícia Civil, os crimes foram praticados pela organização criminosa entre 2016 e 2017, quando seus integrantes ficaram à frente da 34ª DP (Bangu), 36ª DP (Santa Cruz) e, por último, da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Niterói. Em setembro de 2017, os investigadores desencadearam a Operação Quarto Elemento para combater a organização criminosa que usava a estrutura da Polícia Civil do Rio para a prática de extorsões.
As atribuições de cada membro do grupo eram bem definidas. Os policiais civis auxiliados por PMs, um bombeiro, informantes e um comerciante tinham como objetivo obter, direta ou indiretamente, vantagem econômica. A partir de dados sobre pessoas envolvidas em atividades ilícitas, a quadrilha exigia dinheiro dos alvos em troca da liberdade deles, ou seja, havia a prática do crime de extorsão. Os policiais também permitiam que os informantes (X-9 ou alcaguetes) usassem distintivos e armas da Polícia Civil. Liberavam até os civis, travestidos de agentes da lei, de dirigirem os carros da instituição para a prática de crimes.Veja a lista com os nomes dos condenados nos dois processos:
- Rodrigo Sebastian Santoro Nunes – 16 anos e 4 meses e perda do cargo público de delegado da Polícia Civil
- Thiago Luis Martins da Silva – 15 anos de prisão e perda do cargo público de delegado da Polícia Civil
- Carlos Tadeu Gomes Freitas Filho – 119 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
- Xavier Fernandes Coelho – 80 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
- Rafael Ferreira dos Santos – 59 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
- Ricardo da Costa Canavarro – 30 anos e 4 meses de prisão e perda do cargo público de policial civil
- Anderson Pereira Ferreira – 10 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
- Rafael Berg de Carvalho – 6 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
- Rafael Luz Souza – 3 anos e 4 meses de prisão e perda do cargo público de policial civil
- Antônio Sérgio de Almeida Mazolli – 3 anos de prisão e perda do cargo público de policial civil
- Delmo Fernandes Baptista Nunes – 53 anos e 10 meses de prisão, sem a perda do cargo público por ser policial civil aposentado
- Valsi Câmara da Silva – 6 anos de prisão e perda do cargo de policial militar
- Márcio de Miranda – 3 anos de prisão e perda do cargo de policial militar
- Mauro Gomes de Souza – 6 anos de prisão e perda do cargo público de bombeiro militar
- Luiz Felipe Freitas Maio – 21 anos e 4 meses de prisão – comerciante que desviava e negociava as mercadorias ilegalmente
- Ricardo Vilas Boas dos Santos – 9 anos e 4 meses de prisão – informante que atuava nas operações como policial civil
- Washington Aloísio Costa – 8 anos de prisão – responsável pelo recolhimento do dinheiro obtido por meio de extorsões de vendedores ambulantes
- Paulo Pinto – 6 anos, 2 meses e 20 dias de prisão – informante que atuava nas operações como policial civil
- Alessandro Alves Trindade – 6 anos de prisão – atuava nas ações como se fosse policial civil
- Marcos Ricardo Gomes – 2 anos e 8 meses de prisão – informante que atuava nas operações como policial civil
- Raphael Nonato dos Santos Lopes – 29 anos e 8 meses de prisão
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