Levantamento registra 110 tiroteios em Salvador e Região Metropolitana somente em dezembro

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Somente em dezembro de 2022, 110 tiroteios aconteceram em localidades de Salvador e Região Metropolitana. Os números, que assustam a população, foram mapeados pelo Instituto Fogo Cruzado, uma organização nacional, sem fins lucrativos, que monitora dados sobre a violência urbana.

O levantamento feito no último mês do ano passado sinaliza que, em média, três tiroteios ocorreram por dia na capital baiana e RMS. De acordo com o Fogo Cruzado, dos 110 registros feitos pelo instituto, 43 deles se deram durante ações ou operações policiais, o que representa 39% dos tiroteios.

SUBÚRBIO DE SALVADOR

Para os moradores de Fazenda Coutos, no Subúrbio de Salvador, a violência, segundo o instituto, esteve ainda mais presente na rotina, fazendo com que muitos optassem por abandonar a casa onde vivem para fugir da situação. 

O bairro teria concentrado 15 tiroteios em dezembro, um episódio a cada 48h, em média. O levantamento salienta que um único bairro representou 14% do total de tiroteios, somando todos os bairros da região metropolitana. No dia 28, a Unidade de Saúde da Família Vila Fraternidade, localizada na Fazenda Coutos, foi atingida durante um intenso tiroteio na região.

“Mais do que o número de tiroteios registrado em um bairro, é essencial olhar para o contexto social da região. É preciso relacionar dinâmicas de violência com ausência de políticas públicas", avalia Tailane Muniz, coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado na Bahia.

Conforme o Fogo Cruzado, embora a área do subúrbio tenha concentrado um percentual considerável de tiroteios no mês, os seis meses de monitoramento do instituto em Salvador já dão mostras de que a violência armada se espalha por diferentes regiões da cidade. 

“Outros 13 bairros da capital registraram média de dois tiroteios em dezembro. É uma violência distribuída por locais diversos, com dinâmicas específicas", explica Tailane.

Ao todo, 75 pessoas foram baleadas ao longo do sexto mês de atuação do Instituto Fogo Cruzado na Bahia. Entre as vítimas, 54 morreram e 21 ficaram feridas. Entre os mortos, 46 eram homens e oito eram mulheres. Entre os feridos, 16 eram homens, quatro eram mulheres e uma vítima não teve o gênero identificado.

FEMINICÍDIOS

O levantamento ressalta, também, o número alarmante de casos de feminicídio no mês: em um intervalo de 10 dias, duas mulheres foram vítimas deste crime, por arma de fogo, em Salvador e Região Metropolitana.

No dia 22, Greice Kelly Rocha Soares, de 26 anos, foi morta pelo ex-marido, policial militar, quando estava em um salão de beleza dentro do supermercado Big Bompreço, na Avenida ACM, em Salvador. 

O PM, que não aceitava o fim do relacionamento, atirou em Greice Kelly oito vezes. Pouco mais de uma semana antes do caso de Greice, no dia 12, Madai Santos São Bernardo foi morta a tiros quando estava dentro de casa, no bairro Cosme de Farias. O marido de Madai é o principal suspeito.

COMPARATIVO COM MÊS ANTERIOR

Em comparação com novembro, que concentrou 107 tiroteios, 74 mortos e 19 feridos, dezembro apresentou aumento de 3% nos tiroteios e de 11% no número de feridos, porém queda de 27% entre os mortos.

Entre os 75 baleados em dezembro em Salvador e Região Metropolitana, foi possível identificar a cor/raça de somente 29 deles, o que representa 39% das vítimas. Dos 54 mortos, 17 eram negros e seis eram brancos. Entre os 21 feridos, cinco eram negros e um era branco.

O Fogo Cruzado atua na Bahia em parceria com a Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas. Os dados também estão disponíveis na API do instituto, onde podem ser consultados de forma aberta e gratuita.

POSICIONAMENTO DA SSP-BA

Em contato com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o Aratu On foi informado que o órgão não comentaria os dados apresentados pelo "Fogo Cruzado". Segundo a SSP-BA, por não se tratar de um recurso oficial, não é possível atestar a veracidade das informações que são apresentadas, o que impossibilita a utilização desse recurso para fins policiais.

Ainda de acordo com a SSP-BA, os dados são gerados de forma indiscriminada e sem confirmação oficial, podendo produzir estatísticas distorcidas. A pasta lembra que a confiabilidade na integridade dos dados obtidos, a disponibilização destes dados e a segurança da informação dos usuários, regulamentada inclusive pela Lei Geral de Proteção de Dados, são itens primordiais para implantação e uso de qualquer ferramenta.

A SSP ressaltou que dispõe de vários recursos para coleta de informações, inclusive de forma anônima, como o Disque Denúncia (181), o 190, além das redes sociais. Todos esses canais estão disponíveis de maneira gratuita e sigilosa.

Reforçou, também, quem tem intensificado as ações em toda a Bahia para aumentar a sensação de segurança e, principalmente, levar à Justiça os integrantes das quadrilhas de tráfico de drogas, principais responsáveis pela disputa armada pela venda de entorpecentes. Considerou que, para isso, além de reforçar as ações operacionais, a pasta tem investido massivamente em tecnologia.

Aratu

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