Um jovem de 23 anos morreu após ser preso pela Polícia Militar em Salvador, na madrugada de domingo (5). A mãe do rapaz, Marilene Santos, chegou a gravar o momento da prisão do filho, que foi levado ainda com vida no Bairro da Paz.
Segundo informações da TV Bahia, a PM alegou que o jovem morreu após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itapuã, no entanto, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma que o rapaz já chegou na unidade sem vida.
Nas imagens gravadas por Marilene, o rapaz é visto sendo colocado dentro da viatura. Ela chega a criticar ainda a truculência dos militares. “Eu sei que ele está errado, ele está errado… se ele morrer no caminho…”, diz a mãe no vídeo. Após filmar a ação policial, ela também foi colocada em uma viatura, onde circulou por cerca de uma hora.
"Quando eles tirarem meu filho para fora da viatura, ele já estava desacordado de tanto apanhar. Ao invés de o colocarem em uma maca, colocaram em uma cadeira de rodas. Meu filho é muito grande, a cadeira virou e ele bateu a cabeça", contou.
Á TV Bahia, Marilene ainda confirmou que o filho já esteve envolvido no tráfico de drogas.
Ela reforça que o filho chegou na UPA Hélio Machado, em Itapuã, ainda com vida, acrescentando que um laudo médico teria apontado que o jovem teve diversos traumas na região da cabeça.
Em nota, a SMS negou que o jovem chegou em vida no local. "A equipe médica constatou que o paciente deu entrada na unidade de emergência já sem os sinais vitais. Por isso não procede a informação de trauma craniano resultando em morte, ocasionado por queda dentro da unidade."
Procurada, a Polícia Militar, através da Corregedoria, informou que já instaurou um procedimento para apurar a ocorrência e que só irá se posicionar após a conclusão do procedimento apuratório.
Caso Geovane
Em 2014 o caso de um jovem encontrado morto após abordagem da PM já havia mobilizado todo o estado. O caso do desaparecimento de Geovane Mascarenhas Santana, em agosto de 2014, foi revelado com exclusividade pelo CORREIO. Relembre:
13 de agosto de 2014, CORREIO PUBLICA PRIMEIRA MATÉRIA relatando o sumiço do jovem Geovane desde dia 2 de agosto. O pai dele, Jurandy Silva de Santana, já havia registrado seu desaparecimento no dia 4, junto à polícia. Cinco dias depois, ele, por conta própria, descobriu que, no mesmo dia 2, PMs da Rondesp abordaram um rapaz na Calçada e o levaram na viatura. No dia da publicação, a PM negou ao CORREIO que Jurandy houvesse registrado o desaparecimento, embora ele tivesse o documento em mãos.
14 de agosto de 2014, Polícia identifica e afasta da rua PMs envolvidos na abordagem a Geovane. A corporação, porém, ainda se nega a identificar os policiais. Na véspera, depois da publicação da matéria e do documento, PM admite, em nota, que Corregedoria havia, sim, recebido queixa registrada por Jurandy. Ele é ouvido na Corregedoria da PM e Grupo Tortura Nunca Mais oferece apoio à família. Dois inquéritos correm paralelamente: um na Corregedoria da PM e um na Polícia Civil, sob responsabilidade do DHPP.
15 de agosto de 2014, POLÍCIA DIZ TER ENCONTRADO RESTOS DE GEOVANE E POLICIAIS SÃO PRESOS e, finalmente, identificados como o subtenente Claudio e os soldados Jesimiel e Jaílson. Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) diz que mão esquerda encontrada carbonizada junto com cabeça em Campinas de Pirajá é de Geovane. O resto do corpo é encontrado no Parque São Bartolomeu. Pai do jovem afirma que enterrará o que lhe derem.
24 de agosto de 2014, CORPO DE GEOVANE É ENTERRADO no município de Serra Preta, no Centro-Norte do estado, exatos 22 dias após o desaparecimento. Cerca de 300 pessoas vão ao enterro do jovem. “Estaria em depressão se não fizesse o que estou fazendo hoje. Sinto dor, e também um pouco aliviado”, diz Jurandy na ocasião. Durante a procura pelo filho, ele visitou 21 unidades diferentes, entre delegacias, corregedorias, companhias de polícia, hospitais, presídios e até o Instituto Médico Legal.
18 de setembro de 2014, Laudo aponta que Geovane morreu por decapitação. Resultado do exame cadavérico que classifica ação de policiais como “dantesca” é revelado com exclusividade pelo CORREIO. O corpo foi envolto em um plástico antes de ser carbonizado e a arma do crime foi um “objeto cortante ou penetrante”. Ela não foi encontrada.
Fonte:Correio 24 horas
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