Lula recebe ditador da Venezuela e presidentes sul-americanos em série de reuniões no Brasil


O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, chegou ao Brasil na noite deste domingo (28) para um encontro promovido nesta terça (30) com líderes regionais sul-americanos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem a intenção de retomar a Unasul (União das Nações Sul-Americanas).

Agradeço a calorosa acolhida com que fomos recebidos em Brasília. Nas próximas horas estaremos desenvolvendo uma agenda diplomática que reforce a necessária união dos povos de nosso continente”, disse Maduro no Twitter.

Com exceção da presidente do Peru, Dina Boluarte, que enfrenta impedimentos constitucionais, todos os 11 presidentes da América do Sul foram confirmados e virão à capital federal. Os encontros com os líderes vão acontecer no Palácio do Itamaraty, sede da diplomacia brasileira, seguidos de um jantar na residência oficial de Lula, o Palácio da Alvorada

A presença de Maduro promete ser um dos pontos de desconforto da reunião. O presidente do Chile, Gabriel Boric, é exemplo de um dos líderes regionais com posicionamento crítico aos abusos de direitos humanos cometidos por Caracas.

Antes mesmo de tomar posse, o governo Lula anunciou a retomada dos laços com a Venezuela, rompidos sob Jair Bolsonaro (PL).

Em 2019, o governo do ex-presidente Bolsonaro editou portaria proibindo a entrada de autoridades de alto escalão da Venezuela no Brasil —a proibição foi revogada no fim do ano passado. O então presidente reconheceu Juan Guaidó, líder da oposição venezuelana, como chefe de Estado legítimo do país vizinho.

Em março deste ano, o ex-chanceler Celso Amorim, chefe da assessoria especial da Presidência, fez viagem a Caracas, onde reuniu-se com Maduro, e membros da oposição ao regime.

As eleições, programadas na Venezuela para 2024, e a dívida de US$ 1 bilhão (R$ 5 bi) que o país acumula com o Brasil foram abordados na reunião por Amorim —que também sinalizou que o Brasil pretende assumir maior protagonismo nas negociações entre a Venezuela e a oposição, que hoje ocorrem de maneira lenta no México.

No início de abril, o presidente Lula assinou um decreto oficializando o retorno do Brasil à Unasul (União das Nações Sul-Americanas). O país havia deixado o órgão durante o governo Bolsonaro.

A retomada da Unasul foi criticada, por exemplo, pelo presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, que já coleciona fricções com o Mercosul devido às travas que Brasil e Argentina têm colocado à ambição de seu país de assinar um tratado de livre comércio com a China

A Unasul foi criada em 2008 e chegou a ter como membros 12 países. Com o tempo, a aliança se desgastou. Criticada por ter forte alinhamento à esquerda, com Lula, o venezuelano Hugo Chávez (1954-2013), o argentino Néstor Kirchner (1950-2010) e o equatoriano Rafael Corrêa como principais líderes, começou a cair em descrédito após a esquerda perder eleições e ser substituída pela direita. A Colômbia saiu em 2018; no ano seguinte, foi a vez de Argentina, Brasil, Chile e Paraguai.

Folha de S. Paulo

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