Após a deflagração da Operação Terra Livre, em Ilha de Maré, moradores denunciam que o arquipélago soteropolitano virou um “reduto do crime”. Na segunda (15), os 80 policiais que desembarcaram nas praias buscavam cumprir sete mandados de prisão e seis de busca e apreensão, mas a mancha criminal é bem maior.
Segundo os moradores ouvidos pelo CORREIO sob anonimato, vira e mexe um rosto novo chega na ilha. Mas apesar de o local ser um paraíso, não se trata de turistas em busca de diversão. São pessoas que a população descreve como criminosos em busca de esconderijo.
A suposição é confirmada quando os bandidos passam a andar com os criminosos que já estão na ilha e são conhecidos por todos os moradores. O motivo para tanto conforto, segundo a população, é a falta de policiamento. Não há delegacias, bases móveis ou policiais lotados na região.
A ilha é uma das 56 da Baía de Todos-os-Santos. O paraíso perto de Salvador, no entanto, é pouco frequentado se comparado a Ilha de Itaparica, mais conhecida entre os soteropolitanos. Para os moradores, essa é a benção e a maldição do lugar.
“A gente percebe que a ilha tem sido um refúgio para diversos indivíduos que a gente sabe que cometeram certos delitos. Alguns deles são até de fora da Bahia”, contou um morador.
A operação Terra Livre foi marcada pela morte de Marcelo Luís Silva de Matos, 34 anos, conhecido como Pão, após confronto com a polícia. Ele tem passagem por diversos crimes e tentou assaltar um banco em Salvador, em janeiro. Um morador conta que ele se refugiou na Ilha. “Soubemos que ele ficou aqui, mas a própria criminalidade pediu que ele saísse justamente para não chamar atenção da polícia para cá”, disse.
Domínio de facção
Pichações espalhadas pelos muros das residências e estabelecimentos da ilha indicam que a facção que domina o local é a Bonde do Maluco (BdM), que tem como saudação o termo “Tudo 3”.
Apesar de não deixarem de sair à noite, os moradores afirmam se sentirem à mercê do tribunal do crime imposto pelos bandidos e sofrem prejuízos no turismo - que já é menor que nas ilhas vizinhas -, por causa de assaltos nos locais mais afastados da orla.
Ainda segundo denúncias ao CORREIO, alguns policiais são deslocados para a região durante o verão, mas desaparecem durante o resto do ano.
A reportagem entrou em contato com a Secretária de Segurança Pública da Bahia (SSP-Ba) e com a Polícia Militar (PM-Ba), para saber o motivo de não haver batalhões lotados na Ilha de Maré e como a segurança dos moradores é feita, mas até a publicação desta matéria não houve retorno.
FonteCorreio
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