Viúva de dono da Paraíso Perdido fica consternada com a morte de Maqueila

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Um mês depois de sair da prisão, Maqueila Santos Bastos, 32 anos, foi assassinada na zona rural de Canarana, no centro norte baiano, no início da noite de quarta-feira (10). Indícios apontam que ela foi levada à força ao local do crime, onde teve as mãos amarradas e sofreu diversos disparos de armas de fogo. Maqueila ganhou destaque no noticiário policial após ser apontada pela Polícia Civil como uma das culpadas pela morte de Leandro Troesch, em fevereiro do ano passado, no episódio conhecido como Paraíso Perdido. O caso foi arquivado depois que a polícia concluiu, em fevereiro deste ano, que o homem cometeu suicídio

Além de Maqueila, a viúva de Leandro, Shirley Silva Figueiredo chegou a ser indiciada e presa devido ao suposto envolvimento na morte do empresário. As duas se conheceram na prisão em 2021 e tinham um envolvimento amoroso. Apesar de não manterem mais contato, Shirley ficou consternada ao saber da morte de Maqueila, como revela o advogado Cleber Nunes. 

“Eu não tive contato com a Shirley, mas soube que ela tomou um choque e ficou consternada pela morte trágica, mas elas não tinham mais nenhuma aproximação”, conta. Shirley Figueiredo, única sobrevivente do triângulo amoroso, responde em liberdade por um sequestro realizado em Salvador, em 2001. 

Maqueila Bastos chegou em Canarana, cidade de pouco mais de 25 mil habitantes, na última sexta-feira (5). A estadia no povoado de Capivara seria curta e ela retornaria para Salvador às 18 horas de ontem (10). Depois de ficar sete meses presa pelo crime de estelionato, ela havia sido liberada para responder em liberdade há pouco mais de um mês. Por volta das 20 horas de quarta-feira, populares encontraram o corpo de Maqueila em uma estrada próxima ao povoado de Baixa do Vigário, e acionaram a polícia. 

Ao chegar no local, policiais notaram que as mãos dela estavam amarradas e que Maqueila havia sido vítima de diversos disparos. Cartuchos de munição de espingarda calibre 12 e pistolas calibre .380 e .40 foram encontrados. A vítima possuía um documento de identidade no bolso, o que facilitou a identificação. O corpo de Maqueila foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Irecê. Até o final da tarde de quinta-feira (11), nenhum familiar havia aparecido para fazer o reconhecimento. 

“O corpo dela foi encontrado na noite de ontem em uma situação bem incomum para o município. Ela estava com as mãos amarradas e tudo indica que foi retirada à força de dentro de casa e executada na estrada vicinal”, afirma o delegado Alex Nunes Rocha, titular da Delegacia Territorial de Canarana, na qual o crime é investigado. Segundo o delegado, ainda não há informações sobre a motivação e nem suspeitos.

Por isso, Alex Nunes Rocha não descarta nenhuma linha de investigação e afirma que vai manter contato com o delegado que investigou a morte de Leandro Troesch, dono da pousada Paraíso Perdido. Maqueila chegou a ser indiciada quando a polícia acreditava que se tratava de um homicídio. Além dela, Shirley Silva Figueiredo, viúva de Leandro, também foi apontada como culpada pela polícia. As duas tinham um relacionamento amoroso, mas não tinham mais contato atualmente.

Antes de Maqueila, outra pessoa que possuía ligação com a pousada de luxo foi assassinada. Em março do ano passado, Marcel da Silva Vieira, conhecido como “Billi”, foi encontrado morto no dia em que iria depor sobre a morte de Leandro. Billi era funcionário da pousada Paraíso Perdido e seu corpo foi encontrado no distrito de Camassandi, em Jaguaripe. Cinco pessoas foram indiciadas pelo assassinato.  

Marcel era considerado peça chave para o esclarecimento da morte de Leandro

(Foto: Reprodução)

“De início, vamos tentar entender as motivações da morte [de Maqueila], mas, obviamente, vamos manter contato com as investigações que ocorreram naquela localidade [Jaguaripe] porque não podemos descartar nenhuma linha de investigação”, pontua o delegado Alex Nunes. 

O delegado responsável pela investigação da morte do empresário em Jaguaripe, Luiz Castro Freaza, explica que o trabalho da polícia foi encerrado com a finalização do inquérito e a conclusão de que Leandro teria cometido suicídio. Porém, se a investigação da morte de Maqueila fizer com que novas provas surjam, o MP pode requisitar diligências (providências a serem tomadas no curso do processo). 

Isso significaria a reabertura do caso, o que não é provável que aconteça, segundo as fontes ouvidas pela reportagem. “A delegacia de Jaguaripe não entra nesse caso [morte de Maqueila] a não ser que seja acionado pelo Ministério Público. Se eles requisitarem alguma diligência, a gente cumpre”, afirma Luiz Castro Freaza. Procurado, o MP informou apenas que o inquérito foi arquivado pela Justiça. 

Maqueila Bastos não achava que corria perigo, segundo advogada
Rebeca Santos, a advogada de Maqueila Bastos, foi surpreendida com a notícia da morte da cliente. Segundo ela, a vítima não se mostrava apreensiva e nem relatou ser alvo de ameaças desde que saiu da prisão, há um mês. “Foi uma surpresa saber da morte dela hoje pela manhã [...] Houve o mandado de prisão e ela estava respondendo ao processo de estelionato em liberdade”, afirma a advogada. 

Quatro meses depois de Maqueila ter sido liberada da prisão para responder em liberdade pela morte de Leandro Troesch, a 4º Vara Criminal de Salvador expediu um mandado de prisão preventiva, em 25 de julho do ano passado. Em 9 de agosto, ela foi transferida para o Presídio Feminino, em Salvador. Maqueila foi indiciada por ter aplicado um golpe em uma loja localizada no centro comercial Orixás Center, no Politeama, na capital baiana. 

Caso Paraíso Perdido foi arquivado pela Justiça por falta de provas
Desde o início das investigações, a morte do empresário Leandro Troesch, dono da pousada Paraíso Perdido, localizada no Recôncavo baiano, foi cercada de mistérios e incertezas. Em fevereiro do ano passado, ele foi encontrado morto, com marca de tiro na cabeça, dentro de um dos quartos da pousada. Leandro já havia sido preso em 2021, pelo envolvimento em um sequestro, 22 anos antes, no bairro do Costa Azul.

Inicialmente, o delegado à frente do caso, Rafael Magalhães, seguiu a linha de investigação de que o empresário havia sido assassinado. O primeiro laudo da morte apontou que Leandro Troesch foi vítima de homicídio e Maqueila Bastos e Shirley Silva Figueiredo, viúva do empresário, foram indiciadas pelo crime. 

Maqueila dizia que Shirley e Leandro tinham um relacionamento aberto

(Foto: Reprodução)

As duas se conheceram na prisão, em 2021, quando Shirley foi presa pelo mesmo sequestro que Leandro, em 2001. Após a viúva conseguir prisão domiciliar e Maqueila, que cumpria pena por estelionato, ser liberada pela Justiça, ambas se reencontraram na Paraíso Perdido. Shirley como esposa do dono, Leandro, e Maqueila como funcionária. Elas desenvolveram um relacionamento amoroso, o que foi confirmado por Maqueila. 

A investigação policial, no entanto, teve uma reviravolta que contou com dois elementos fundamentais: a saída do delegado Rafael Magalhães do caso e um novo laudo que indicou que Leandro cometeu suicídio. Quando o inquérito, dessa vez encabeçado pelo delegado Alex Nunes Rocha, foi finalizado, o Ministério Público da Bahia pediu o arquivamento do caso. Por entender que faltavam provas de crime de homicídio, a Justiça manteve o posicionamento do MP.

Correio

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