Agrícia Benicio trabalha no setor de saúde da prefeitura de Umburanas, cidade de pouco mais de 19 mil habitantes, no norte da Bahia, mas quer entrar em uma área que busca por profissionais qualificados e que promete empregar até 2026 200 mil pessoas de forma direta e indireta em todo o Brasil, como estima a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). A Bahia é uma das grandes potências do setor e, no número de parques eólicos construídos, perde apenas para o Rio Grande do Norte. São 265 em terras baianas e 379 no território potiguar, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Na Bahia, os parques eólicos estão instalados em cidades de médio e pequeno porte, em sua maioria na região do semiárido, onde antes da chegada dos aerogeradores para produzir eletricidade, o comércio local e a agricultura ditavam a economia. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), no primeiro trimestre deste ano, haviam 186 usinas eólicas em construção ou projetadas com potencial de empregar cerca de 73 mil baianos nos próximos anos.
Em Umburanas, são três usinas em funcionamento: Campo Largo, Pedra
Pinta e Aroeira. As construções dos espaços e a manutenção deles
empregaram profissionais por um período determinado, como pedreiros,
carpinteiros, operadores de máquinas industriais, motoristas e
eletricistas; e absorveram de forma permanente aqueles de formação
superior, como engenheiros, administradores e biólogos; além dos de com
formação técnica, como os técnicos em meteorologia e eletrotécnica —
formação que Agrícia quer concluir para fazer parte de uma dos três
parques instalados em sua terra natal.
Agrícia buscou capacitação após chegada de parques eólicos em sua cidade natal (Foto:Arcevo Pessoal) |
“Eu me interessei pelo curso técnico porque é uma grande oportunidade, além disso, sempre busquei novas experiências profissionais. No ano passado, fiz o curso de eletricista predial e me identifiquei muito. Percebi que nós, mulheres, podemos atuar em qualquer área, sobretudo na eólica”, conta.
A futura técnica tem três horas de aula de
segunda a sexta-feira e revisa no horário do almoço os assuntos
ensinados em sala, como os de desenho técnico e instalações elétricas.
Ela diz que viu o desenvolvimento econômico chegar na região juntamente
com as primeiras turbinas que transformam o vento em eletricidade e
sonha em poder contribuir com o setor.
“Na questão da economia,
Umburanas tem uma nova visão, hoje, as pessoas podem abrir suas redes de
comércios. Antes, vivíamos apenas da agricultura familiar porque era
uma cidade muito pequena, agora, há toda uma fonte de renda. As pessoas
não precisam mais sair daqui para trabalhar em São Paulo”, avalia.
Segundo dados da Indeed, plataforma de empregos, foram anunciados nos últimos 30 dias na Bahia vagas para técnico de manutenção de turbinas eólicas (R$4.171), técnico de qualidade (R$ 2.932,00), técnico de segurança no trabalho (R$ 3.938,14), supervisor de manutenção (R$ 5.407,00) e inspetor de qualidade (R$ 2.099,00). As vagas foram para cidades como Morro do Chapéu, Caetité, Brumado, Sento Sé, Xique-xique e Camaçari. Os salários são com base em uma estimativa feita pelo site de vagas e recrutamento Glassdoor e não correspondem aos anúncios.
Crescimento
A indústria de energia eólica tem crescido nos últimos dez anos e, à medida que as turbinas são fincadas no chão, novos profissionais são capacitados para suprir a demanda por mão de obra qualificada e não criar um gargalo no setor, como avalia Elbia Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). A área conta, por exemplo, com as capacitações profissionais oferecidas pelo Sistema S, como o Senai-Cimatec.
“A indústria de energia eólica gera muito emprego, a cada 1 megawatts que nós instalamos são 11 unidades de mão de obra. Como nos últimos três anos nós aumentamos muito as instalações de parques, em 2022, foram instalados 4 gigawatts de energia eólica no Brasil, considerando que a cada 1 giga são 11 mil postos de trabalho, nós estamos falando de 44 mil postos de trabalho ocupados. Isso também significa, em termos de investimento, R$ 22 bilhões”, disse Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica.
Setor de energia eólica deve empregar mais de 73 mil baianos nos próximos anos (Reprodução/Pexels) |
“A demanda das profissões está em três blocos. A da produção e fabricação de equipamentos, empregos em fábricas de pás, torres e turbinas, são empregos a longo prazo para pessoas que fazem cursos e treinamentos. Depois, temos a construção dos parques e estamos falando da construção civil. A comunidade também é capacidade e mesmo sendo um trabalho de curto período, os trabalhadores podem ser deslocados para a construção de outros espaços, que geralmente são próximos uns dos outros. Além disso, há a operação e manutenção, é uma mão de obra permanente”, completa presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica)
Quando as grandes empresas se instalam em cidades afastadas dos grandes centros urbanos contam com a ajuda do Senai para qualificar em cursos gratuitos a população que vive aos arredores do parque. “O pré-requisito inicial [para entrar na área] são profissionais com cursos técnicos, normalmente em eletrônica, elétrica, mecânica e energias renováveis. Falta profissionais no Brasil e principalmente em regiões onde esses parques estão instalados [...] Existem várias etapas que o Senai apoia esses empreendimentos. No momento da implantação dos projetos, que consiste na construção dos empreendimentos dos parques eólicos, por exemplo, o Senai atua na capacitação da comunidade inserida na área de influência dos empreendimentos”, explica a Aline Dias, gestora do Senai da regional norte do estado da Bahia.
Onde encontrar vagas:
Onde se qualificar:
Na Bahia,
de curso técnico apenas o Senai oferece oportunidade. Para os demais
cargos que não sejam o técnico, a formação superior em universidades
Fonte:Correio 24 Horas
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