"A comunidade está em choque", diz marido de homem morto em ação policial no Calafate


Companheiro e amigos do ajudante de pedreiro Mateus Sampaio de Alencar, 26 anos, que foi morto a tiros dentro da própria casa, na Fazenda Grande do Retiro, em Salvador, alegam que agentes da Polícia Militar invadiram o local e assassinaram o homem no quarto onde ele dormia com o marido, Paulo César Julião Bispo. Em nota, a PM informou que o jovem foi baleado durante um tiroteio.

Ao CORREIO, Paulo César disse que ele e Mateus estavam dormindo quando agentes militares invadiram a residência do casal, localizada na região do Calafate, às 8h do último domingo (23). "Quando eu levantei, ainda nu, eu vi uma pistola na minha cara", relata. Mesmo após dizer que era inocente, os policiais teriam colocado Paulo na cozinha e Mateus no chão do quarto.

Em seguida, os militares teriam ordenado Paulo a sair de casa. "Mandaram eu pegar meu destino e não olhar para trás", disse. Quando ele saiu, ouviu os disparos. "Eles mataram meu companheiro dentro do quarto. Ele não chegou nem a vestir a roupa. A comunidade está em choque.".

De acordo com o líder comunitário da região, Paulo Roberto Bispo, Mateus era um jovem querido por toda a comunidade e não tinha envolvimento com o tráfico de drogas. "Era um jovem trabalhador, não possuía nenhuma característica que tornasse seu comportamento abominável", disse Paulo Roberto, que trabalha na região como comerciante e é pastor evangélico.

O líder comunitário avalia a ação policial como desastrosa, o que faz com que a comunidade tenha medo de entrar em contato com a polícia para atender certas ocorrências, dando espaço ao tráfico. "A polícia precisa entender que é paga para nos proteger. O tráfico tem aumentado por causa do medo que a polícia causa na comunidade. Quando os policiais aparecem nas comunidades, o morador corre para dentro de casa, com medo de ser a próxima vítima", disse Paulo Roberto.

O corpo de Mateus de Alencar ainda não foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML). No início da tarde desta segunda-feira (24), Paulo César informou que iria até o o Ministério Público para discutir o processo de liberação.

O que diz a PM

Em nota, a Polícia Militar informou que agentes da 9ª Companhia Independente da PM reforçavam o patrulhamento na rua das Pedreiras, quando perceberam a presença de um grupo de homens armados nas imediações. Após a aproximação policial, os suspeitos iniciaram um tiroteio.

Após o confronto, a guarnição encontrou quatro homens feridos, que foram socorridos imediatamente. Durante a ação, um homem, que utilizada tornozeleira eletrônica, foi preso tentando fugir em um ponto próximo.

De acordo com a PM, foram apreendidos uma submetralhadora artesanal, uma pistola, um revólver calibre 38, uma granada, dois simulacros de arma de fogo e drogas durante a ação policial. O material apreendido foi apresentado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde a ocorrência foi registrada.

Correio 24 Horas  da subeditora Monique Lôbo

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