Homicídios, troca de tiros e assaltos fazem parte do calendário da Barra. É assim: passou o Carnaval, o bicho volta a pegar! Sem os holofotes que a festa proporciona, o fluxo de policiais é deslocado para outros pontos da cidade – junho, por exemplo, tem os festejos juninos – e aí os casos pipocam. Comerciantes fecham mais cedo e moradores evitam circular no bairro, principalmente quando anoitece para não terem o mesmo destino de Luide Santana de Oliveira. Hoje faz uma semana que ele foi morto, depois de ter sido esfaqueado no Porto da Barra.
Mas diante do caos da violência, o bairro ganhou uma novíssima sede da 14º DP, provavelmente a delegacia mais vistosa, com a fachada imponente, dignada dos prédios que compõem o cenário pomposo. Mas numa região tradicional, com muita densidade populacional e apelo turístico, como disse recentemente o próprio secretário de Segurança Pública Marcelo Werner, as delegacias não precisam somente de uma harmonização – apesar que muitas fazerem vergonha. Faltam servidores. Em abril de 2022, o Tribunal de Conta do Estado apontou que a Polícia Civil tem um déficit de 40% em seu efetivo.
Camaçari: 200 mortes por ano
Região Metropolitana de Salvador, Camaçari tem uma média de 200 homicídios por ano, segundo o titular da Vara do Júri e Execuções Penais da cidade, juiz Waldir Viana, em entrevista exclusiva ao CORREIO. E não é difícil perceber isso. Entre as 3h15 e 4h da madrugada de sexta-feira (30), quatro homens encapuzados mataram sete pessoas em cinco bairros próximos.
Os moradores vivem apavorados com a guerra entre as facções CV e o BDM, as mesmas que protagonizam confrontos constantes e intensos em Salvador e disseminam vídeos para intimar comunidades, rivais e desafiar a polícia. Mas como o município lida com os mesmos problemas da capital? “Não tem como!”, disse o magistrado. A justiça arquivou 380 inquéritos que estavam parados há 10 anos na 4ª DH. Segundo o juiz, somente quatro agentes trabalham na delegacia de homicídios. A Polícia Civil negou. Agora, resta à população perceber no dia a dia quem está com a verdade.
Reféns do medo
Em um único dia, 12 pessoas ficaram sob a mira de pistolas, quando feitas reféns em Salvador e Região Metropolitana. Tudo aconteceu no dia 13 deste mês. O primeiro caso ocorreu em Pernambués, quando uma mulher foi vítima de “sequestro relâmpago” e teve todo o dinheiro levado pelos criminosos.
No bairro do Itaigara, outra mulher foi vítima da mesma estratégia. Em seguida, quatro homens, que fugiam da polícia e invadiram uma casa na Engomadeira e ameaçaram matar três adultos, dois adolescentes e um bebê. Eles acabaram se entregando. Já em Lauro de Freitas, bandidos sequestram uma motorista que estava com os filhos. No trajeto, uma das três crianças fez sinal para a Polícia Militar que fazia blitz e a ação foi frustrada.
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