O
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em discurso nesta
sexta-feira, 21, que o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
que o tornou inelegível por oito anos ocorreu "de forma bastante
nebulosa". Bolsonaro foi condenado por abuso de poder político e uso
indevido dos meios de comunicação, por ter transmitido pela TV Brasil
uma reunião com embaixadores na qual divulgou informações falsas sobre o
sistema eleitoral.
O ex-presidente discursou após receber a
medalha de comendador da cidade de Anápolis, em Goiás. Ele foi
ovacionado pela plateia, que o recebeu aos gritos de "mito". À primeira
menção ao Supremo Tribunal Federal (STF) no discurso, o público vaiou.
Depois de citar o STF, Bolsonaro criticou o julgamento do TSE.
"Se eu nada representasse para nossa pátria, depois daqueles números do TSE, não estariam me perseguindo até hoje", disse. "Não teriam, de forma bastante nebulosa, me tornado inelegível. Qual o crime? Corrupção não foi. Abuso de poder econômico não foi. O sistema não quer uma pessoa honesta na Presidência da República".
No julgamento que tornou o ex-presidente inelegível, o TSE considerou, segundo o voto do relator, que Bolsonaro usou o poder do cargo para espalhar informações falsas sobre o sistema eletrônico de votação, na tentativa de ter ganhos eleitorais, atacar o Tribunal Superior Eleitoral e fazer "ameaças veladas". Para o TSE, a conduta do ex-chefe do Executivo impactou diretamente o pleito. O presidente da Corte, Alexandre de Moraes, declarou ainda que houve desvio de finalidade, já que a reunião do ex-presidente com os embaixadores teria servido para sua autopromoção como candidato e para atacar o sistema eleitoral.
Bolsonaro fez várias críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem se referia como o "outro cara". Ele disse que "aconteceu algo inacreditável em outubro do ano passado", em referência à eleição do petista. Em outro trecho da fala, Bolsonaro afirmou que "deixou" Lula assumir a Presidência. Antes da posse, o ex-presidente viajou para os Estados Unidos, de onde voltou apenas em março.
"Entreguei o Brasil... ou melhor, deixei outro cara assumir. Porque jamais passaria a faixa para uma pessoa com passado. Jamais passaria faixa para uma pessoa que tinha e tem um passado como esse cara que assumiu em 1º de janeiro", discursou.
Ao final do discurso, Bolsonaro garantiu que voltaria à Presidência. "Foi uma missão do todo poderoso esses meus quatro anos de presidente. Se assim for vontade dele, tenho certeza que nós voltaremos. Enquanto não voltamos, estaremos colaborando e contribuindo para com a boa política brasileira", concluiu.
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