Há cerca de duas semanas, o deputado federal e presidente estadual do Republicanos, Márcio Marinho, disse com todas as letras a este Política Livre que o partido não abre mão da indicação do candidato a vice na chapa com a qual o prefeito Bruno Reis (União Brasil) vai disputar a reeleição. “Você sabe que o Republicanos tem uma força muito grande na capital. Se pegar a votação de Rogéria, a de Alex e a de Márcio Marinho na capital, ela passa de 120 mil votos com tranquilidade. É uma votação importante para as eleições do ano que vem”, disse Marinho ao repórter, dando a entender que vai ter luta pela vice do prefeito.
Não é o primeiro partido da base de Bruno a manifestar interesse na posição. Melhor para o prefeito. A 16 meses das eleições, assistir aos aliados antecipando que estão dispostos a brigar para estar em sua chapa é um sinal de que encaram os índices de aprovação à sua gestão, apontados pelas pesquisas, além das primeiras sondagens sobre a sucessão do ano que vem, indicando seu favoritismo, como sinais inequívocos de que, chegada a hora, ele vai se reeleger. Mesmo descontando a antecedência em relação ao pleito, o prefeito é hoje o grande agregador de expectativa de vitória na capital baiana.
A bem da verdade, Bruno está, por enquanto, sozinho em campo, como portador da única candidatura natural para o próximo ano, o que favorece basicamente as menções e lembranças à sua figura. Apesar das referências a alguns nomes na oposição, em especial ao do presidente da Conder, José Trindade, ex-vereador pelo PSB, que aparece como a figura preferida da cúpula petista, a longa distância que separa o presente da próxima campanha eleitoral não permite que ninguém seja oficializado nem mesmo qualquer definição quanto a uma estratégia clara para pleito, o que também, naturalmente, só beneficia Bruno.
Se o script for mantido, será exatamente a forma que o jogo deverá assumir no campo adversário – se o grupo se apresentará com candidatura única, se se dividirá em várias ou mesmo se o nome escolhido revelar consistência e assumir competitividade no curso da disputa – o elemento decisivo para a definição, pelo prefeito, daquele que considerar o seu melhor parceiro de chapa. Hoje, não há porque duvidar das chances de ele optar pela manutenção da vice-prefeita Ana Paula (PDT), levando em conta critérios como representação partidária, lealdade, discrição, capacidade de trabalho e comprometimento, além, claro, de competência.
No comando da secretaria municipal da Saúde, área tradicionalmente complexa e extremamente demandada pela população carente, ela tem realizado mais do que as entregas exigidas pelo prefeito, ajudando na boa avaliação de sua administração. Antes de partir, no entanto, para a escolha do vice, mas provavelmente em consonância com o processo de definição do nome, o prefeito deve abrir as negociações com a base com vistas propriamente à eleição, reacomodando em seu governo as forças que já o apoiam ou alocando eventuais novos aliados. Não esperem, no entanto, que ele faça isso antes do Carnaval de 2024.
Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.
Raul Monteiro
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