A Polícia Civil prendeu, nesta segunda-feira (10), o homem suspeito de estuprar quatro mulheres durante uma entrevista de emprego no Aeroporto Internacional do Recife Guararapes - Gilberto Freyre, na Zona Sul do Recife.
O
suspeito, que não teve nome e idade revelados, era funcionário da
empresa terceirizada que presta serviços de vigilância no aeroporto e
estava atuando como recrutador para preenchimento de vaga de inspetor de
segurança. Após as denúncias, ele foi desligado.
A prisão foi confirmada pelo delegado Augusto de Castro, da Delegacia de Boa Viagem. "Houve o cumprimento de mandado de prisão, e ele seguirá para o Cotel (Centro de Observação e Triagem, em Abreu e Lima)", disse.
O mandado de prisão preventiva foi expedido pela 7ª Vara Criminal da Capital. O suspeito estava escondido na casa do pai, no bairro do Ipsep, também na Zona Sul do Recife.
Segundo a Polícia Civil, duas vítimas têm 23 anos e outras duas têm 37. Três delas procuraram a Delegacia de Boa Viagem em 30 de junho, um dia após a entrevista de emprego que aconteceu numa sala do aeroporto. A quarta vítima procurou dias depois.
As mulheres contaram que, ao entrarem na sala para participarem da seleção de empreso, foram trancadas pelo suspeito. A "entrevista" aconteceu individualmente. O recrutador teria informado que "iria fazer uma revista nelas, tocando em partes íntimas nos corpos delas". Nesse momento, os abusos foram consumados, segundo depoimentos.
O suspeito foi indiciado pelo crime de estupro nos quatro inquéritos que estavam sob investigação. O resultado foi remetido à Justiça na última sexta-feira (7), conforme revelado pela coluna Segurança.
"No interrogatório, ele negou as acusações. Mas, pelas provas que colhemos durante a investigação, houve o indiciamento e pedido de prisão. Não posso dar mais detalhes porque o caso está sob sigilo", afirmou o delegado.
O delegado disse que o Ministério Público concordou com o resultado das investigações e já denunciou o suspeito à Justiça.
Em nota, a Polícia Civil informou que as "investigações prosseguem para saber se há outras vítimas".
Detalhes do caso
Na última sexta-feira, em entrevista à TV Globo, uma das vítimas relatou que o recrutador mostrou que tinha uma arma no pênis, mandou ela colocar um canivete entre os seios e baixou a calça dela. O suspeito argumentou que a ação era necessária para simular uma revista íntima para identificação de drogas em passageiras.
"Ele, literalmente, baixou minha calça. Eu não tive reação, não sabia o que fazer naquele momento. Eu fiquei congelada. Eu entrei em choque. Eu sabia que ele tinha me mostrado uma arma, tinha um canivete ali, naquele local, a porta estava trancada. Quando ele baixou a minha calça, foi muito rápido. Minha calça era folgada, então ele 'ingeriu' o dedo na minha parte íntima, me molestou totalmente, abusou com os dedos. Não tive como me defender porque não tive ação", relatou.
Pedido de indenização
As mulheres devem entrar na Justiça para pedir uma indenização à empresa onde o suspeito trabalhava.
"A gente entende que é necessário adotar medidas tanto no âmbito criminal quanto no cível, a título indenizatório, em face da empresa, tendo em vista que o fato aconteceu dentro da empresa. Também estão sendo estudadas medidas no âmbito cível contra o agressor", afirmou o advogado José Albérico Santos.
Os advogados das vítimas também pretendem entrar com ação, em caráter liminar, para que a empresa pague tratamento psicológico para elas.
O que diz o aeroporto de Recife sobre o caso?
Na semana passada, a Aena Brasil, responsável pela administração do aeroporto, afirmou, em nota, que tomou conhecimento do caso na manhã do dia 30 de junho e "exigiu o afastamento imediato do denunciado. Soubemos que logo em seguida, que o mesmo já foi detido pela polícia", disse.
Por já ter passado o prazo do flagrante, o suspeito prestou depoimento e foi liberado.
"A concessionária repudia qualquer gesto de violência, e não tolera nenhum ato desse tipo. O fato está ainda em investigação pela polícia, com quem estamos colaborando para que o caso seja elucidado o mais rápido possível", declarou a Aena Brasil.
O que diz empresa?
A GPS Predial Sistemas de Segurança Ltda. informou, também em nota, que, "tomou as medidas necessárias, incluindo o desligamento do funcionário envolvido".
"A empresa lamenta profundamente o ocorrido e reforça que não compactua com qualquer tipo de violência ou conduta desrespeitosa que contrariem os valores contidos em seu código de conduta e ética. A empresa está colaborando com as autoridades na apuração dos fatos", afirmou.
A defesa do suspeito não foi encontrada para comentar o caso.
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