As armas encontradas com integrantes da facção Comando Vermelho (CV) em dois dias de ação policial no Alto das Pombas, localidade invadida pelo grupo em Salvador, custam cerca de R$ 450 mil, de acordo com levantamento realizado pela reportagem. Ao todo, desde a última segunda-feira (4), a Polícia Militar da Bahia entrou em confronto com suspeitos por seis vezes. E o saldo de apreensões chegou a seis fuzis 556, 11 pistolas do modelo 9 mm e três granadas sem modelo informado.
O comandante da PM-BA, coronel Paulo Coutinho, falou especificamente sobre o impacto da apreensão dos fuzis. "São fuzis importados que têm uma capacidade bélica grande, são armas de guerra. O alcance útil supera 2 km e, por isso, tivemos impacto na Graça. Hoje, eles são comercializados, no mercado nacional, com um valor por unidade que é de mais de R$ 70 mil", destacou Coutinho, ressaltando o impacto bélico e financeiro contra os grupos criminosos nas apreensões.
O coronel não falou especificamente sobre as pistolas. Oficialmente, a PM da Bahia confirma que ao menos quatro delas são de calibre 9 mm. Em julho deste ano, o governo federal restringiu a compra de pistolas desse tipo, que havia sido flexibilizada na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Enquanto a venda era liberada para Caçadores, Atiradores e Colecionadores (CACs), o valor médio era de R$ 6 mil, o que gera um prejuízo de pelo menos R$ 24 mil somente com as quatro pistolas apreendidas pela PM-BA.
Já as granadas, que não têm venda liberada, chegam a custar R$ 2 mil cada uma em mercados paralelos, de acordo com fontes da polícia que investigam a atividade.
Além das apreensões, as ações da polícia resultaram em oito prisões e dez mortes de homens armados no Alto das Pombas. Não há detalhes, porém, se todos seriam do CV ou se haveria entre os criminosos interceptados membros do Bonde do Maluco (BDM), grupo rival que atua na área.
O comandante Paulo Coutinho destacou que o objetivo principal da PM nas ações é preservar vidas, inclusive as dos suspeitos. Porém, ao falar da letalidade das ações, lamentou que haja revide violento por parte dos criminosos. "Infelizmente, eles insistem em resistir às ações policiais. Nós temos que fazer nossa missão, preservando, sobretudo, vidas. Deixamos isso bem claro com a atuação do BOPE, que liberou ilesas pessoas feitas reféns em suas residências", lembrou o coronel em coletiva de imprensa no Comando Geral da PM-BA, nos Aflitos, no início da tarde de terça-feira (5).
Ele se refere aos casos de cárcere privado que aconteceram ainda na segunda-feira, quando criminosos em fuga invadiram quatro residências diferentes no Alto das Pombas, sendo duas pela manhã e outras duas durante a tarde. Ao todo, 17 pessoas foram mantidas nessas condições pelos suspeitos, mas todas foram liberadas durante as negociações sem registros de mortes ou ferimentos, de acordo com informações de agentes da polícia.
Ao lado do coronel Coutinho na coletiva, o secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, afirmou que as ações mostram que as facções criminosas não vão causar terror à população da Bahia. Segundo ele, a polícia baiana está "fazendo frente" e melhorando a questão da segurança no estado. "As facções não podem se sobrepor às forças de segurança e não causarão esse terror e nem vão implantar a política de medo que querem fazer por aqui", garantiu o secretário.
O reforço policial na região do Alto das Pombas e também do Calabar, que faz divisa com a localidade, segue por tempo indeterminado, de acordo com a PM-BA.
Correio
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