Na ofensiva, mil homens foram mobilizados para tentar prender os principais chefes do Comando Vermelho (CV), a maior facção do tráfico de drogas do estado, em resposta à morte dos 3 médicos na Barra da Tijuca, na semana passada. A quadrilha também vem travando disputas com milicianos por territórios na Zona Oeste do Rio.
Os agentes foram cumprir pelo menos 100 mandados de prisão. Entre os alvos estão Wilton Carlos Rabelho Quintanilha, o Abelha, e Edgar Alves de Andrade, o Doca. Até a última atualização desta reportagem, 7 pessoas haviam sido presas.
Um laboratório de refino de drogas e artefatos explosivos do tráfico foi localizado no Parque União, no Complexo da Maré.
A Secretaria Municipal de Educação informou que 58 escolas foram impactadas, afetando 21 mil alunos.
Equipes foram para a Maré, para a Penha e para a Cidade de Deus, comunidades dominadas pelo CV. Moradores relataram intensos tiroteios ainda no fim da madrugada.
O secretário estadual de Polícia Civil, José Renato Torres, afirmou que o setor de inteligência detectou uma migração de integrantes da cúpula do Comando Vermelho por essas comunidades, o que deflagrou a operação.
Os secretários da Polícia Civil, José Renato Torres e da PM, Luiz Henrique Marinho Pires, acompanhavam do Centro Integrado de Comando e Controle (CICC) imagens de câmeras corporais dos policiais e de drones.
“A operação de hoje só foi possível graças ao maior investimento feito em nossas polícias em toda a nossa história. Os protocolos de investigações e treinamento estão sendo rigorosamente cumpridos, bem como as decisões judiciais”, explicou o governador Cláudio Castro.
Secretários da Polícia Civil, José Renato Torres (C) e da PM, Luiz Henrique Marinho Pires (D), acompanham imagens de câmeras corporais e de drones — Foto: Rafael Campos/governo do RJ
Locais da operação
Homens do Bope e da Core (tropas de elite da Civil e da PM) e de delegacias especializadas foram para as seguintes localidades:
- Complexo da Penha: Vila Cruzeiro;
- Complexo da Maré: Nova Holanda e Parque União;
- Cidade de Deus.
Alvos desta segunda, Abelha e Doca são investigados por dar a ordem de execução dos 4 criminosos que mataram os ortopedistas. Os corpos dos traficantes foram encontrados na madrugada de sexta (6).
Traficantes ateiam fogo a barricada no Complexo da Penha — Foto: Reprodução/TV Globo
Abelha e Doca
O traficante Abelha deixou a cadeia em julho de 2021. Na saída, foi flagrado apertando a mão do então secretário de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro. De acordo com investigações da polícia, o criminoso tem sido responsável pelas decisões estratégicas da facção criminosa.
Doca já foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro em outra ocasião por ter decidido, com outros traficantes, pela morte de criminosos da facção. Em 2021, 5 bandidos da comunidade do Castelar, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, mataram três meninos, entre 9 e 12 anos, com a alegação de que eles tenham sido mortos pelo furto de uma gaiola de passarinhos.
O assassinato das crianças levou a facção a determinar a morte dos cinco traficantes. De acordo com a denúncia do MP, Doca votou pela morte dos criminosos.
Wilton Carlos Rabelho Quintanilha, o Abelha (E), e Edgar Alves de Andrade, o Doca (D) — Foto: Reprodução
Outro alvo é Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW, apontado como chefe da Equipe Sombra, grupo de extermínio investigado pela morte dos 3 médicos na Barra. BMW, porém, não está entre os suspeitos encontrados mortos.
Helicópteros fora de operação
A aeronave blindada da Polícia Civil foi atingida no tanque de combustível. O piloto fez um pouso de emergência no Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes (Cefan). Um dos tripulantes ficou ferido por estilhaços.
Outro caso
Essa não foi a primeira vez que um helicóptero da polícia foi atingido. Traficantes derrubaram um helicóptero da PM durante uma operação no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte, em outubro de 2009.
Atingido por tiros, a aeronave caiu no campo da Vila Olímpica do Sampaio. Três agentes morreram e outros três ficaram feridos.
Magno Fernando Soeiro Tatagiba de Souza, o Magno da Mangueira, e Leandro Domingos Berçot, conhecido como Lacoste, foram condenados a 193 anos, um mês e dez dias, pela Justiça.
Eles foram condenados por três homicídios qualificados, seis tentativas de homicídio. De acordo com a Justiça Magno e Lacoste estão entre os responsáveis por derrubarem a tiros um helicóptero. Três agentes morreram e outros três ficaram feridos.
G1
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