Investigações revelam que John Wallace da Silva Viana, o Johny Bravo , chefe do tráfico na Favela da Rocinha, na Zona Sul da cidade, se transformou em um dos homens de confiança Wilton Carlos Rabelo Quintanilha, o Abelha, integrante da cúpula da maior facção criminosa do Rio. Uma das informações recebidas pela Polícia Civil dá conta de que o próprio Abelha, além de bandidos de outros estados, estariam usando a Rocinha como esconderijo. Nesta terça-feira, a Polícia Federal apreendeu 47 fuzis e munição calibre 556, em uma mansão da Barra da Tijuca, na Zona Oeste. O imóvel estava alugado por homens vindos de Minas Gerais.
Três pessoas foram presas. Já se sabe que o armamento seria recebido na Rocinha, onde estariam escondidos bandidos vindos de Belo Horizonte, capital mineira. A polícia investiga se a carga apreendida seria distribuída, a partir da Rocinha, para outros locais. Vaidoso ao ponto de receber o apelido de Johny Bravo, personagem de desenho animado de físico avantajado que usa roupas apertadas, John Wallace assumiu o poder na Rocinha, em 2017, após a prisão de Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157. No último dia 25 de agosto, o bandido completou 35 anos livre, leve e solto, apesar de ter quatro mandados de prisão expedidos seu nome pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro(TJRJ).
O chefão da Rocinha arrecada por mês, segundo estimativa da polícia, cerca de R$ 10 milhões com a exploração de negócios irregulares na comunidade, incluindo o tráfico de drogas. Para comemorar a data, Johny promoveu uma festa de aniversário que durou três noites. A celebração, segundo moradores, contou com queima de fogos, postagens nas redes sociais, baile, distribuição de cervejas, e é claro, o tradicional bolo.
Nas redes sociais, uma pessoa que se identificou como sendo o bandido, postou na madrugada do dia 26, a foto de um bolo com a frase "parabéns pra mim" O que se seguiu foi uma avalanche de comentários e mais de 370 mil visualizações. "Parabém gostoso, tudo de bom pra vc", postou uma fã do bandido. Já um homem lamentou não ter ido ao aniversário. "P. queria tá nessa festa. Comer e beber até desmaiar", escreveu. Apesar das comemorações, Jhon Wallace ganhou um presente amargo. Ele teve a quarta prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), num período de cinco anos. A validade deste último mandado, expedido pela 32ª Vara Criminal, no dia 14 de agosto, foi ratificada no dia 30, pela 1ª Câmara Criminal do TJRJ, que negou um pedido de habeas corpus, onde Johny aparece como umas das partes interessadas.
A quarta preventiva é fruto de uma investigação que começou em 2020, na antiga Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), atual Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). Dezesseis pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por fazer parte de um esquema de distribuição de cocaína, maconha e crack na Rocinha. Deste total, 12 tiveram a prisão decretada. Entre eles, estão, além de Jhon Wallace, Leandro Pereira da Rocha, o Goiaba ou Bambu, Joel de Sousa Mendes, o Céu, e Thiago Silva Mendes Neris, o Catatau. Os três são apontados pela polícia como homens de confiança do chefe do tráfico.
Goiaba é descrito como sendo uma espécie de chefe do comércio de drogas na parte baixa da Rocinha. Céu aparece na denúncia com um dos chefes da segurança de Johny Bravo, e segundo o documento, circula na favela portando fuzis, granadas e farta quantidade de munição.
Além disso, também seria o responsável por providenciar a manutenção e a limpeza das residências utilizadas por seu chefe e por outros integrantes da mesma facção criminosa de Johny, que buscam abrigo na Rocinha. Já Catatau seria um dos encarregados de executar ordens dadas por Jhon Wallace, além de dividir a segurança pessoal do seu chefe com Céu.
No último dia 26 de junho, a Polícia Militar realizou uma operação na favela da Rocinha para tentar capturar bandidos de outros estados, abrigados na comunidade, e ainda integrantes da mesma facção criminosa de Johny que também estariam escondidos no local. Um dos alvos seria Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha. Houve tiroteio e uma pessoa foi ferida por uma bala perdida. Ninguém foi preso, no entanto. Já em agosto, no último dia 9, agentes de Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), da Prefeitura do Rio, demoliram uma mansão construída irregularmente na comunidade, que tinha piscina com escorrega e mais de 100 mil litros de água. Segundo a polícia, local era usado como local de festas para o tráfico.
No dia 13 de setembro, agentes da Seop e policiais civis localizaram outra mansão irregular na Rocinha. A construção de três andares com vista para o mar de São Conrado foi demolida. A suspeita é a de que o imóvel estaria sendo usado por Jhony Bravo. Investigações policiais revelam que nem só do comércio de drogas viria arrecadação mensal estimada recebida pelo tráfico. Para chegar ao total de R$ 10 milhões arrecadados mensalmente, o bando passou a adotar, desde 2020, as mesmas práticas usadas pela milícia em favelas com territórios dominados por paramilitares. Metade dessa renda é fruto de taxas impostas pelo tráfico, que passou a adotar o mesmo “modus operandi” de milícias. A outra parte do dinheiro obtido pelos bandidos ainda é proveniente do comércio de drogas. Mas, do comércio de cigarros contrabandeados, passando por cobranças junto a mototaxistas, motoristas do transporte alternativo e comerciantes, até a venda de carvão, tudo é controlado ou sobretaxado pelo tráfico da Rocinha. Entre as fontes de arrecadação estão cobranças de taxas semanais de mototaxistas ( R$ 105 por cada moto), pedágio mensal de motoristas de vans (R$ 520 por cada carro) e venda clandestino de sinal de tv a cabo por R$ 50 mensais.
Além do tráfico de drogas, Johny Bravo também responde, ao lado de outros 12 chefes do tráfico, por envolvimento na morte de Ana Cristina da Silva, que estava com o filho de 3 anos no colo. Ela foi atingida por balas perdidas, durante confronto entre bandidos rivais no Morro de São Carlos, no dia 26 de agosto de 2020, ao usar o próprio corpo para proteger a criança.
Na denúncia do MPRJ, Johny é apontando como uma das pessoas que contribuíram para a morte da vítima. Ele teria ordenado que homens de seu bando fossem ao São Carlos participar de uma tentativa de invasão ao local, organizada pela cúpula da maior facção criminosa do Rio. Por conta do crime, Jhony Bavo teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, no dia 6 de agosto de 2021. As outras duas ordens de prisões expedidas contra o bandido pelo TJRJ foram decretadas nos dias 16 de julho de 2019 e 21 de setembro de 2022. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça, todas continuam em validade.
Fonte:Extra o Globo
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