Disputa ao TCM anima mais do que a da Prefeitura no campo governista, por Raul Monteiro

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Ainda sem prazo para ocorrer, já que depende da aposentadoria do conselheiro Fernando Vita, inicialmente prevista para o final desse mês, a disputa por sua vaga no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) está mais animada do que a escolha do candidato governista à Prefeitura de Salvador, a qual entrou num limbo de indefinição cujo desfecho ninguém sabe prever. Para o cargo vitalício, considerado uma aposentadoria de luxo para qualquer cidadão dada as regalias e privilégios que reúne, pelo menos quatro deputados governistas e um ex-deputado da oposição já sinalizaram interesse.

Além disso, para dar ainda mais eletricidade ao processo, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) anunciou esta semana que, apesar de respeitar a autonomia da Assembleia no procedimento de escolha, está decidido a se envolver diretamente nela. Chegou a reconhecer de público como postulantes da base governista os deputados estaduais Fabrício Falcão (PCdoB), Roberto Carlos (PDT), Paulo Rangel (PT) e Rogério Andrade, excluindo dela, não se sabe o porquê, o candidatíssimo deputado federal Daniel Almeida, embora, ao contrário do que Fabrício difunde, os comunistas não tenham tratado oficialmente do assunto.

Para o cenário ficar ainda mais conturbado, sozinho na oposição, inscrito esta semana com a assinatura de 17 ex-colegas do grupo oposicionista, o ex-presidente da Assembleia, Marcelo Nilo (Republicanos), passou a figurar oficialmente como concorrente, o que, com certeza, ajuda a embolar o jogo. O fato novo envolvendo a sucessão de Vita no TCM, no entanto, é a indicação, pelo PT, do nome do deputado Rangel, que ninguém suspeitava que poderia concorrer, mas já demonstrou que pode arregaçar as mangas para lutar pela vaga talvez em melhor condição do que os demais pelo fato de pertencer ao partido do governador.

A confusão que está para se armar, entretanto, não envolve o PT, mas o PCdoB, por causa da versão corrente, disseminada pelo deputado Fabrício segundo a qual a legenda já teria fechado com ele em detrimento do nome de Daniel Almeida. A bem da verdade, Fabrício conta internamente com o apoio do secretário do Trabalho Davidson Magalhães, mas está longe de ter o controle da legenda, a qual ainda não se debruçou sobre o assunto a ponto de definir o seu representante para a disputa. Aliás, como o deputado federal tem o controle da agremiação, deve ficar difícil para Fabrício sustentar a posição de candidato.

Na Assembleia, se diz que ele foi competente ao convencer os colegas de Parlamento de que, após as últimas indicações aos Tribunais, não faria o menor sentido em que a Casa abra mão de indicar um membro seu ao órgão. Criada, segundo se comenta, para evitar o crescimento do nome de Almeida, a tese não passou despercebida no partido de ambos, para o qual, no entanto, o deputado federal deveria ter a primazia para a disputa na legenda, dada a grande importância que tem e teve para sua sobrevivência no Estado e no país. Além disso, nada impede que Fabrício dispute uma vaga na Câmara dos Deputados em seu lugar em 2026.

Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Raul Monteiro*

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