Três policiais militares do Batalhão de Choque de Lauro de Freitas são acusados de terem ameaçado moradores do condomínio residencial Canto dos Pássaros, em Catu de Abrantes, no município de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, no último dia 18 de novembro. De acordo com documentos que a reportagem teve acesso, uma sindicância foi instaurada pela Corregedoria da Polícia Militar da Bahia para apurar, no prazo de 30 dias – a contar do dia 21 de novembro – a conduta dos referidos policiais. Procurada, a Corregedoria não confirmou ou se posicionou sobre o caso.
Em outro documento que o CORREIO teve acesso, uma moradora – que não divulgou sua identidade – relata à Corregedoria que, na madrugada do dia 18 de novembro, por volta de 1h30, três policiais militares armados dispararam cinco tiros dentro do condomínio direcionado para um veículo branco de um morador, identificado como o influenciador digital Lucas Lima. Ainda, houve disparos para o alto. Um dos policiais, segundo afirma, também seria morador do local.
Os disparos, ainda conforme o relato, teriam assustado os vizinhos que acordaram e ouviram gritos com palavras de baixo calão. Após esse episódio, mais quatro tiros teriam sido disparados pelo policial que vive na localidade. Por fim, ele ainda teria rondado o condomínio dentro de um carro Ranger de cor branca na tentativa de intimidar os moradores.
Em entrevista à reportagem, o advogado de um morador, que pediu para não ser identificado, contou que o policial militar apontado como morador do condomínio teria se mudado há pouco tempo para o local. No dia 18 de novembro, ele teria chegado ao condomínio aparentemente alcoolizado e na companhia de dois colegas de farda. Na ocasião, uma pequena aglomeração de moradores estava conversando e bebendo.
Entre os integrantes do grupo, havia uma mulher que, ao avistar o policial que morava no local, teria ido com ele em direção à entrada de acesso aos apartamentos. Segundo o advogado, não é possível afirmar que a mulher tem algum laço afetivo com o policial, assim como não há como cravar que sua ação seguinte foi motivada por ciúmes. Mas, após avistar o grupo, ele e os outros policiais teriam disparado tiros para o alto, a uma distância próxima o bastante para colocar a vida das pessoas presentes no momento em risco.
O advogado também confirma que houve tentativa de intimidação quando os policiais rondaram o condomínio dentro de um veículo, mas disse não ter sido informado por seu cliente sobre disparos direcionados para o carro do influenciador digital.
Na última quinta-feira (14), ele conta que policiais militares deram continuidade à apuração dos fatos ouvindo os moradores no salão de festas do condomínio. A ação causou estranheza, visto que a apuração de possíveis crimes de policiais militares são, via de regra, investigados pela Polícia Civil da Bahia (PC-BA)
Procuradas na segunda-feira (18), a Polícia Civil e Militar responderam que não registraram ou foram acionadas para a ocorrência. As pastas foram procuradas novamente nesta terça-feira (19) para se posicionarem sobre a sindicância e a apuração, mas não deram retorno.
A Corregedoria da Polícia Militar foi procurada nos dois dias para responder sobre a identidade dos policiais militares acusados e seus atuais status na corporação, bem como sobre o andamento da investigação. Até o momento, não houve resposta. O espaço segue aberto.
O influenciador Lucas Lima também foi procurado pela reportagem, mas não retornou as tentativas de contato feitas.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo\Correios 24 horas
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