Não é de agora que as queixas contra a Coelba se avolumam na Bahia. De demoras no atendimento à burocracia interna da empresa para realizar operações simples, como a ligação ou religação de energia, passando por queixas em relação à instabilidade do serviço, há muito as referências à empresa estão entre regulares, ruins e péssimas.
No entanto, a constatação do despreparo da Coelba para lidar com crises foi assistida na semana passada, quando, confirmando o que previam os serviços metereológicos, Salvador e o interior enfrentaram uma tempestade atípica, com ventos muito fortes, que causaram um rastro de destruição em muitos lugares onde foram registrados.
Houve muitos relatos de que, em alguns bairros da capital e em localidades da Região Metropolitana e do interior, até três dias após a ocorrência do fenômeno muitos usuários ainda enfrentavam falta total ou parcial de energia sem ter a quem apelar para resolver os enormes prejuízos decorrentes do tempo de espera por uma solução.
Na Ilha de Itaparica, por exemplo, por causa das oscilações de energia não foram poucos os moradores e veranistas que tiveram aparelhos elétricos e eletrônicos queimados e até agora não sabem se serão ressarcidos. O mesmo na Estrada do Coco. Uma das consequências catastróficas do baixo nível de atendimento da Coelba aconteceu em Quixabeira.
Lá, foram vistas cenas de selvageria contra funcionários de um posto da Embasa, depois que falhas no sistema de fornecimento de energia levaram à interrupção do abastecimento de água. Falhas, aliás, que são constantes, segundo relatos da estatal, não apenas lá, mas em diversos municípios baianos aos quais fornece água.
Segundo a Embasa, a cada interrupção da energia, as máquinas param, impedindo a captação, bombeamento, tratamento e distribuição da água para a população, sem contar as situações em que a baixa qualidade da energia fornecida pela Coelba provoca oscilações que levam à necessidade de reparo ou substituição de equipamentos.
Ocorre que Quixabeira já vinha passando por uma grave crise de abastecimento devido a sucessivos problemas no fornecimento de energia sobre os quais a população não tinha conhecimento. Desde o dia 20 de dezembro, por exemplo, foram cinco paradas no sistema por falta ou oscilação na tensão da energia fornecida.
O problema é que, a cada interrupção, é preciso retomar o envio da água por quilômetros de tubulação e encher os reservatórios até que tenham pressão para abastecer todos os imóveis. Aliadas às altas temperaturas que fazem aumentar o consumo, dizem os técnicos, as constantes falhas estão simplesmente inviabilizando a operação normal do sistema pela Embasa.
Em outras palavras, o que a população não sabe é que os mesmos problemas de energia que enfrenta em casa, onde tem aguardado horas a fio por energia ou tem visto seus aparelhos muitas vezes serem queimados, são os responsáveis também por deixá-las sem água para tarefas corriqueiras, como beber, lavar roupa e tomar banho.
Dado o volume de problemas que a Coelba tem provocado para a população baiana e também para o Estado da Bahia, não é possível mais ao governo manter o mesmo nível de tolerância com que a vem tratando desde os primeiros momentos de sua privatização, no final da década de 1990.
Nestes mais de 20 anos, a companhia já teve tempo de sobra para se ajustar às exigências do mercado e investir para prover um serviço de qualidade ao usuário. Se não consegue fazê-lo, é necessário que seja responsabilizada e as causas do problema investigadas. O Legislativo e o Ministério Público do Estado precisam adotar providências urgentes contra o desserviço da Coelba.
Política Livre
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