A colisão frontal entre um
micro-ônibus e um caminhão que transportava mangas, na noite do último
domingo (7), matou 24 pessoas e deixou outras cinco feridas. Desse
total, 21 vítimas estavam no micro-ônibus, e outras três viajavam no
caminhão.
O
Portal do Casé conversou, com exclusividade, com o Perito Criminal
Oficial do caso, Valmir Lacerda. Segundo ele, o acidente, que aconteceu
por volta das 23h, na rodovia BR-324, na altura do Km 386 da cidade de
Gavião, no Norte da Bahia, é a maior tragédia registrada nas rodovias da
macroregional Chapada. A prefeitura de Jacobina decretou luto de sete
dias na cidade. Inicialmente tinham sido três.
Por
conta disso, foi necessário acionar, pela primeira vez na região da
Chapada, o Protocolo de Desastre em Massa. A estratégia foi criada em
2013 após Lajedinho, município da Chapada, ser arrasado por um temporal
que durou duas horas e matou 17 pessoas. Lacerda também atuou dando
apoio na coordenação dessa tragédia.
O
trabalho do Departamento de Polícia Técnica (DPT) foi cooperativo entre
as regionais de Serrinha, Euclides da Cunha, Juazeiro e Jacobina. Esta
última foi onde teve a maior parte das vítimas e a regional responsável
pela área do município de Gavião.
As
atividades foram divididas da seguinte forma: o DPT de Jacobina recebeu
(11 vítimas), Juazeiro (oito), Euclides da Cunha (quatro), e uma vítima
morreu no município de Nova Fátima, para onde foi socorrida com vida,
mas não resistiu.
Rede Social |
“Nós
avaliamos toda a situação. Agimos em conjunto. Analisamos a capacidade
das regionais e distribuímos os corpos de forma estratégica para dar
celeridade aos processos. Os que estavam sem identificação mandamos para
Jacobina, por termos consciência, que lá ficaria mais fácil para
familiares colaborarem com nosso trabalho”.
A
estrutura de trabalho contou com quatro Coordenadorias Regionais de
Polícia Técnica (Crpts) que estavam envolvidas na remoção e transporte
dos corpos e as mesmas ficaram responsáveis pelas identificações
papiloscópicas e necropsias.
“Organizar
essa estrutura fez com que tudo fosse resolvido de forma recorde. Os
servidores se sensibilizaram e se voluntariaram para trabalhar no caso”.
Dentre
os profissionais envolvidos no protocolo estavam: Peritos Médicos
Legistas, Peritos Criminais, Peritos Técnicos e auxiliares.
DETALHES DO ACIDENTE
De
acordo com Valmir Lacerda, o acidente aconteceu a 100 km do destino
final da viagem dos passageiros do micro-ônibus. A perícia no local
durou cerca de 1h30. Lá, todo ambiente foi analisado.
“Observamos
as placas de sinalização, condições climáticas, condições da estrada,
luminosidade, os corpos e onde foram os maiores impactos neles, se lado
direito, esquerdo, marcas de frenagem, enfim. Todos vestígios que possam
colaborar para elucidar o acidente”.
De
acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a colisão aconteceu depois de
um dos carros, possivelmente, ter invadido a contramão para realizar uma
ultrapassagem proibida no trecho onde ocorreu o acidente.
O
Portal do Casé apurou com fontes criminais de maneira extraoficial de
que o veículo que entrou na contra mão foi o micro-ônibus, que não
conseguiu retornar a pista de origem e acabou batendo de frente com o
caminhão carregado de mangas que atravessou a pista espalhando as frutas
por toda via.
Lacerda
preferiu não comentar sobre o sítio de colisão, que é uma forte
sinalização do que pode ter, de fato, acontecido na noite do domingo.
“É
um indicador, mas não é determinante. Tem muitas outras variantes que
precisam ser analisadas. Não dá para afirmar se foi uma ultrapassagem
indevida, ou se o condutor tentou desviar de algum elemento. Então, é
preciso fazer a coleta de todos os vestígios, analisar fotografias,
realizar cálculos para que o laudo saia o mais preciso possível e possa
contribuir com as investigações”.
Contudo,
Lacerda adiantou uma informação que estará presente no laudo pericial
que é a consequência do que aconteceu depois da batida.
"Ainda
não podemos falar de causas e, sim, consequências. Verificamos que
houve a colisão frontal, com regressão de trajeto. Ou seja, o impacto
foi tão grande que o micro-ônibus bateu e retrocedeu. Imagine uma bola
média batendo em uma bola grande. A bola média retorna. A partir daí dá
para ter noção da força do impacto".
Veja como ficou o micro-ônibus:
Os trabalhos de remoção de todos os corpos do local e liberação da via onde aconteceu o acidente durou cerca de cinco horas.
RETORNO AO LOCAL DO ACIDENTE
O laudo da perícia do local do acidente deve ficar pronto nos próximos 30 dias. Segundo Lacerda, muitas vertentes ainda precisam ser analisadas antes de fechar o laudo conclusivo. Entre elas a velocidade dos veículos, os ângulos e as fotos.
O perito, inclusive, antecipou ao Portal do Casé que vai retornar, nos próximos dias, ao local do acidente para realizar exames complementares.
“O retorno é porque no dia do acidente tinha muitas sujidades das frutas que caíram na pista. Nesse retorno pretendo revelar novos vestígios com o ambiente limpo”.
Após a conclusão do laudo pericial, a Polícia Civil deve divulgar oficialmente a causa do acidente. Com a morte dos dois motoristas envolvidos na colisão, não há responsabilidade penal a ser aplicada.
Fonte: Portal do Casé
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