O promotor responsável por investigar a invasão de um canal de TV do Equador que fazia uma transmissão ao vivo, nos dias iniciais da atual crise de segurança pública que vive o país sul-americano, foi assassinado nesta quarta-feira (17) na cidade portuária de Guayaquil.
César Suárez foi morto a tiros pouco após deixar um prédio da polícia. Ele dirigia durante a tarde na avenida do Bombeiro, no norte da cidade, quando homens dispararam contra o carro. O veículo teria ficado com mais de 20 buracos de bala, segundo relatos do jornal El Universo.
Ele havia sido designado para investigar qual dos diversos grupos criminosos que atuam no país está por trás da invasão das instalações do canal TC no último dia 9. O governo designou 22 desses grupos de “organizações terroristas” na última semana.
O ataque ao canal de televisão foi o estopim que levou o presidente equatoriano, o recém-empossado Daniel Noboa, a decretar estado de “conflito armado interno” no país, que atualmente assiste à violência do narcotráfico elevada à máxima potência.
Suárez atuava no braço do Ministério Público especializado em investigações contra o crime transnacional e ficava baseado na província de Guayas, cuja capital é Guayaquil.
Pouco após sua morte, a procuradora-geral Diana Salazar publicou vídeo nos canais oficiais do órgão para prestar solidariedade à família e apresentar algumas demandas às forças de segurança.
“Os grupos de crime organizado, os terroristas, não vão parar o nosso compromisso com a sociedade equatoriana”, disse ela na breve mensagem. “Essa atitude violenta quer mandar uma mensagem para o nosso trabalho de compromisso com a justiça”.
Salazar pediu que os agentes de segurança enviem equipes para proteger os promotores envolvidos nas investigações dos atuais episódios de violência e que as audiências desses casos passem a ser realizadas de forma virtual, de modo a evitar o deslocamento dos promotores pelas perigosas vias públicas de Guayaquil.
Ainda de acordo com a procuradora-geral, seu escritório abriu uma investigação preliminar para apurar o assassinato do colega de equipe.
Suárez era um funcionário de longa data do Ministério Público e atuava como professor universitário na área do direito. Segundo um perfil seu publicado pelo El Universo, muitas das investigações nas quais esteve envolvido apuraram o envolvimento de policiais e outras autoridades do Estado em crimes relacionados ao narcotráfico.
De acordo com a Revista Vistazo, veículo equatoriano, o promotor já havia recebido ameaças de morte em 2017, quando atuava na província de Manabí. À época panfletos foram distribuídos na região oferecendo US$ 1 milhão (quase RS$ 5 mi) por seu assassinato.
Folhapress
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