Elon Musk responde post de Moraes e pergunta a ministro por que 'tanta censura'

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O empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter) e presidente-executivo da Tesla, respondeu em tom de crítica um post feito pelo ministro do STF (Supremo Tribunal) Alexandre de Moraes, neste sábado (6).

Em publicação em que o Moraes parabenizava o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski pelo seu cargo, em 11 de janeiro, o empresário questionou o por que de 'tanta censura no Brasil'.

"Parabéns ao Ministro Ricardo Lewandowski pelo novo e honroso cargo de Ministro da Justiça e Segurança Pública. Magistrado exemplar, brilhante jurista, professor respeitado e, acima de tudo, uma pessoa com espírito público incomparável e preparada para esse novo desafio. Desejo muito sucesso", tinha escrito Moraes.


No início da tarde deste sábado, também o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) respondeu a Musk, no mesmo post, dizendo estar fazendo um requerimento para audiência da Câmara, incluindo representante da empresa.

Ao longo dos últimos anos, Moraes tomou várias medidas frente a perfis de redes sociais, tanto via STF quanto via TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o ministro determinou a suspensão de uma série de contas de alvos da investigações, inclusive de parlamentares e do PCO.

Tal atuação se intensificou em meio as eleições de 2022 e os atos de teor golpista que se espalharam pelo país, pedindo uma intervenção militar.

O tema suscita um complexo debate sobre a proporcionalidade da medida frente à liberdade de expressão. No caso de investigações criminais, por exemplo, não há hoje na lei uma previsão específica autorizando este tipo de medida cautelar.

Na última quarta-feira (3), o escritor americano Michael Shellenberger fez um post na rede social fazendo uma série de críticas a Moraes e à atuação do Judiciário brasileiro, sob o título "Twitter Files - Brazil" (Arquivos do Twitter, em português).

O nome "Twitter Files" começou a ser usado no final de 2022 para se referir a revelações acerca das medidas de moderação da rede, a partir de um conjunto de documentos internos da rede que foram vazados e que tratavam de anos anteriores à gestão Musk.

No mesmo post de Moraes, Eduardo Bolsonaro respondeu a Musk dizendo que o caso Daniel Silveira seria um dos exemplos. E disse que está preparando um requerimento para promover uma audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara do Deputados sobre o "Twitter Files Brasil e censura", com a participação de um representante do X.

Em 2023, Shellenberger organizou um manifesto em defesa da liberdade de expressão e contra o que foi classificado como censura que vem sendo praticada pelo mundo e em que um dos exemplos citados no texto é a "criminalização do discurso político" pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro, como mostrou a Folha.

Musk se descreve como um "absolutista da liberdade de expressão" e desde que adquiriu a rede social, em 2022, tem enfrentado polêmicas. Um dos principais focos do empresário foram as políticas de moderação da rede, sob a crítica de que teriam viés político.

A plataforma reduziu as equipes de moderação de conteúdo, e usuários e especialistas apontam o crescimento do discurso de ódio e da desinformação.

Apesar da posiç ão, durante a gestão Musk, o Twitter chegou a suspender contas de jornalistas e de perfis que rastreavam aviões de agências governamentais, de bilionários e indivíduos de perfil destacado --Musk incluído.

"You doxx, you get suspended" (Você revela informações privadas de uma pessoa online, você é suspenso), justificou Musk numa discussão em áudio no Twitter Spaces, à epoca, que foi acompanhada por dezenas de milhares de usuários.

No ano passado, o bilionário se pronunciou sobre o PL das Fake News. Na ocasião, a Câmara dos Deputados ignorou a pressão das big techs e aprovou a urgência do projeto de lei que regulamenta as redes sociais e impõe sanções a plataformas que não retirarem do ar, até 24 horas após decisão judicial, conteúdos ilícitos. Com uma exclamação, o empresário reagiu à publicação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), endereçada a ele. Depois disso, entretanto, a tramitação do PL ficou parada.

Folha de São Paulo

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