Delegado que indiciou família por hostilidades contra Moraes em Roma é nomeado para cargo na Europa

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O delegado da Polícia Federal (PF) Thiago Severo de Rezende, responsável pelo indiciamento de três membros da mesma família nesta segunda-feira, 3, acusados de hostilizar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, foi nomeado para um cargo em uma missão de dois anos em Haia, na Holanda.

A nomeação de Rezende foi publicada no Diário Oficial de 28 de maio, apenas uma semana antes do indiciamento feito por ele, nesta segunda. A investigação sobre a suposta hostilidade que Moraes sofreu no aeroporto de Roma, na Itália, em julho do ano passado, havia sido encerrada pelo delegado que conduzia o inquérito, em fevereiro deste ano.

Em Haia, Rezende vai exercer a função de Oficial de Ligação junto ao Serviço Europeu de Polícia (Europol), cargo para o qual foi nomeado em 16 de maio pelo diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues. O delegado terá o direito de ser acompanhado pelos dependentes dele e não há informações sobre o salário que irá receber. A PF foi procurada para prestar a informação, mas não respondeu até a publicação deste texto.

Na conclusão do inquérito, a PF aponta que o empresário Roberto Mantovani Filho cometeu crime de “injúria real” por agredir o filho do magistrado, entretanto, ninguém havia sido indiciado. A justificativa foi a de que não foi possível cravar se houve troca de ofensas, já que as imagens das câmeras do aeroporto não têm som.

Depois que a PF apresentou o relatório final da investigação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu um novo interrogatório de Mantovani para saber se ele manipulou o vídeo da confusão. Na prática, o pedido reabriu o inquérito. Rezende, então coordenador de contra-inteligência da PF, assumiu o caso em abril.

Em sua decisão pelo indiciamento, o delegado afirmou que, mesmo que o áudio das filmagens não esteja disponível, “todas as circunstâncias que envolvem o fato vão de encontro com a versão apresentada pelos agressores”. Em depoimento à PF em julho do ano passado, Moraes afirmou que foi chamado de “bandido, comprado e fraudador de urnas”.

A defesa da família afirmou que recebeu a notícia com “perplexidade e enorme surpresa”. “Recorde-se que ela (nova manifestação) nasce da mesma Polícia Federal que, não faz muito, opinou expressamente pelo arquivamento das investigações! Destaque-se: essa drástica mudança acontece sem que nada de novo, nenhuma outra prova, tenha sido juntada aos autos”.

Karina Ferreira/Estadão

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