entenda como jogo do tigrinho e vício em apostas online se tornaram problemas de saúde e segurança pública

Fortune Tiger é um cassino online ilegal no Brasil, mas que ficou famoso através de influencers — Foto: Reprodução

O perigo está na palma da mão, na tela do celular.  Convites nas redes sociais, propaganda com influenciadores digitais e promessas de dinheiro fácil fazem parte dos jogos de azar online, como o Fortune Tiger, conhecido como ‘jogo do tigrinho’. Nesta edição do podcast Eu Te Explico, o apresentador Fernando Sodake conversa com especialistas que mostram como esse perigo virtual se tornou um problema de saúde e segurança pública no Brasil.

Fazem parte desta edição o delegado Delmar Araújo Bittencourt, que coordena o Laboratório de Inteligência Cibernética da Polícia Civil da Bahia, o professor Ivan Mussa, do Departamento de Mídias Digitais da Universidade Federal da Paraíba, e a psicóloga Gisele Aleluia, coordenadora da pós-graduação em Transtornos Adictivos da PUC-Rio. 

 

De acordo com o professor Ivan Mussa, existem dois pontos importantes para compreender o cenário do jogo do tigrinho:

  • A relação com influenciadores digitais que incentivam a prática como se fosse sinônimo de ganho fácil.
  • A falsa ideia promovida pelos idealizadores do jogo, que fazem o usuário acreditar que o bom resultado financeiro chegará a qualquer momento.
"O jogo tenta te passar uma sensação de ganho iminente, de que o ganho vai chegar a qualquer momento, que você tem a possibilidade de ganhar. Ele é feito a partir de algoritmos, mecânicas e elementos visuais para incentivar a sensação de que o ganho é sempre possível, mas sabemos que isso não funciona. O jogo de azar é feito para que a maioria das pessoas perca e que uma minoria ganhe", explicou.

 

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O delegado Delmar Araújo Bittencourt classifica como "ecossistema criminoso" o cenário dos jogos de azar nas redes sociais. Ele é baseado em estruturas que arrecadam quantias volumosas e captam influenciadores digitais que, por sua vez, contribuem para milhões de seguidores perderem dinheiro.

"É um ecossistema criminoso. Pessoas com muito dinheiro tentam captar digitais influencers com muitos seguidores, e esses seguidores influenciam aquelas pessoas que estão desesperadas por oportunidade e querem ganhar de qualquer forma dinheiro fácil. Isso faz com que esse ecossistema gere um problema de segurança pública, porque a maioria das pessoas perde muito dinheiro", afirmou. 

 

A psicóloga Gisele Aleluia alerta que a compulsão por jogos é a única dependência que pode ser comparada ao vício em drogas, sendo mais grave, em muitos casos, do que a obsessão por sexo ou comida. Isso é motivado pelos impactos causados no cérebro pelo desejo incontrolável de tentar a sorte.

"Os jogos eletrônicos se equivalem ao bingo. Lembra que o bingo foi proibido? Naquela época foi uma coisa muito séria porque as pessoas se matavam. É uma dependência muito dada ao suicídio, mais do que dependência de droga. (...) As pessoas perdem muito dinheiro, perdem dinheiro que não têm e entram em desespero", comentou.
Gisele Aleluia é psicóloga e coordenadora pós-graduação em Transtornos Adictivos na PUC-Rio. — Foto: g1 BA

Gisele Aleluia é psicóloga e coordenadora pós-graduação em Transtornos Adictivos na PUC-Rio. — Foto: g1 BA 

G1

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