Para onde vai a riqueza gerada na BA pelas pedras preciosas que valem milhões?

Receita Federal leiloou pedra preciosa de matriz preta com esmeraldas verde encontrada na Bahia — Foto: Divulgação/Receita Federal

 

 A região é conhecida pela exploração de pedras preciosas. No entanto, a fortuna gerada não significa riqueza e qualidade de vida à população. Na edição do podcast Eu Te Explico desta semana, o apresentador Fernando Sodake conversa com especialistas que explicam o motivo de a riqueza retirada da natureza não ser sinônimo de abundância social.

Participam do episódio a diretora da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) e professora da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Simone Cruz, o professor e historiador Ricardo Carvalho, e a supervisora de pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mariana Viveiros.

O ponto inicial do debate é entender Pindobaçu, cidade com pouco mais de 19 mil habitantes, de acordo com o último Censo do IBGE. É conhecida como a capital das esmeraldas, título que veio após a exploração das pedras ter início há mais de 60 anos. Porém, na contramão das pedras milionária, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade é de 0.5, número mediano em uma escala de 0 a 1.

💡 ENTENDA - O IDH é um indicador que agrega importantes dimensões do desenvolvimento humano, como saúde e longevidade, acesso ao conhecimento e as necessidades básicas, educação e renda. Quanto mais perto de 0, pior a situação, quanto mais perto de 1, melhor a situação.

"Pindobaçu faz parte da microrregião de Senhor do Bonfim. São nove municípios vizinhos, todos no norte da Bahia e em região de semi-árido. Quase todos, certamente com exceção de Senhor do Bonfim, tem situação socioeconômica longe de ser favorável, inclusive Pindobaçu, mesmo com todas essas descobertas recentes de pedras de valor importante", comenta a supervisora de pesquisas do IBGE, Mariana Viveiros.

A professora da Universidade Federal da Bahia, Simone Cruz, explicou que a Bahia é o terceiro estado produtor mineral do país e sua história é marcada por extração de itens valiosos que foram formados bilhões de anos atrás. Entre os desafios nesse cenário estão conter a mineração ilegal, manter a fiscalização nas empresas que atuam de modo legal e debater um modelo de mineração que valorize o desenvolvimento das regiões exploradas.

"Cidades baianas, e de outros estados também, são extremamente fortes do ponto de vista da produção mineral, mas, do ponto de vista do IDH, são cidades ainda muito pobres. Esse é um debate que precisa ser feito com a sociedade para discutirmos o modelo mineral que queremos, se é um modelo apenas de extração, espoliação e de retirada de materiais, ou se é um sistema de geração de riquezas", comentou.

 Professor e historiador Ricardo Carvalho é entrevistado no podcast Eu Te Explico — Foto: g1 BA

 O professor e historiador Ricardo Carvalho ressaltou que, ao longo da história, a quantidade de receita gerada pela exploração de minérios nem sempre favoreceu as comunidades locais.

"Desde a época colonial que os recursos iam para Portugal. Depois da independência, os poderes externos, as grandes corporações e os interesses europeus continuam sendo os pilares da exploração. Se você olhar quem são as grandes corporações da mineração na Bahia e no Brasil, são empresas de capital estrangeiro ou capital misto, mas com grande prioridade de capital estrangeiro", assinalou.

 

 G1

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