Para surpresa de ninguém, o governo anunciou que vai ter de reduzir despesas. E para surpresa de ninguém, essa redução se deve ao fato de que as receitas não estão sendo suficientes para cobrir a expansão das despesas.
Também para surpresa de ninguém, o governo não vai conseguir entregar a promessa feita lá atrás. A promessa de que este ano iria equilibrar as contas — sem considerar o pagamento de juros, claro. O que, de novo, não é nenhuma surpresa. Conforme dito até a exaustão, a estratégia do governo para equilibrar as contas estava condenada de saída pelo fato de que as despesas seguem crescendo em termos reais e como proporção do PIB.
E as esperanças de receitas estavam atreladas a eventos isolados. Daí não haver surpresas sobre a necessidade de corte de despesas. Mas, sim, a certeza de que terão de vir ainda mais cortes. Conforme admite o governo, tem coisa pendurada aí que não se sabe como vai terminar. É o caso da disputa entre Congresso e Executivo para compensar desonerações nas folhas de pagamentos de empresas e prefeituras.
A saída desse dilema para equilibrar contas públicas seria, obviamente, uma economia que estivesse crescendo de forma muito mais vigorosa do que acontece agora. Mas — como assinalou hoje a respeitada revista “Economist” — tanto o governo como o Congresso parecem fixados na ideia de que preços das commodities que o Brasil exporta, mais subsídios às empresas amigas e, principalmente, gastos públicos jogariam o país nessa rota virtuosa.
Não deu certo antes. Nem parece que vai dar certo agora.
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