Um ano após a morte da filha, a adolescente Hyara Flor Santos Alves, Hiago Alves não desistiu de buscar justiça. A menina de 14 anos, que integrava uma comunidade cigana na cidade de Guaratinga, no extremo sul da Bahia, foi morta com um tiro no queixo em 6 de julho de 2023, exatamente um ano atrás.
Diante disso, o pai de Hyara cobra as autoridades para que o caso não seja esquecido sem que os culpados sejam responsabilizados.
"Eu ainda não vi a justiça porque quem matou está foragido e quem mandou está em liberdade. Espero que as autoridades da Bahia façam valer a pena todo esforço que eu tive e peguem esses acusados e ponham no lugar que eles merecem", clama Hiago.
Embora apenas o marido de Hiara seja apontado como suspeito, a família dela acusa o sogro da menina de ter articulado o crime. De acordo com essa versão, ela teria sido alvo de uma vingança por conta de uma suposta relação extraconjugal entre a sogra e um de seus tios.
"Tudo que eu venho falando desde o dia 6 de julho [de 2023], eu falei de verdade. E se eu não fosse forte o suficiente e me apegasse a Deus e ao povo, nada disso teria acontecido porque a Polícia Civil concluiu um inquérito mal feito e tive que correr atrás de perito forense pra fazer um parecer, pra apresentar ao Ministério Público (...). Teria sido só mais uma Hyara".
O inquérito citado por ele havia concluído que o autor do disparo seria o irmão mais novo do marido de Hyara, uma criança de 9 anos. O tiro teria sido acidental.
Já o perito contratado pela família demonstrou que uma criança não conseguiria fazer tal disparo com a arma usada no crime, uma pistola calibre 380. O tiro fez com que a garota asfixiasse no próprio sangue até a morte.
Com as constantes denúncias que faz aos supostos autores do crime, Hiago afirma que sofre ameaças, mas nem por isso pretende desistir de lutar por justiça.
Confira as reviravoltas nas investigações
Essa versão havia sido apontada pelos familiares do marido de Hyara. No entanto, a família da vítima contestou e sustentou que a garota foi morta por vingança, já que um tio dela teria um relacionamento extraconjugal com a sogra da adolescente.
Hyara Flor no dia do seu casamento — Foto: Redes sociais
Os familiares da vítima chegaram a contratar um perito, que emitiu um parecer que contestava a versão apresentada pela Polícia Civil da Bahia. Na época, o g1 teve acesso ao documento com exclusividade. O perito esteve no local do crime, acessou o inquérito policial e concluiu que uma pistola calibre 380 não poderia ter sido disparada por uma criança de 9 anos.
O marido de Hyara chegou a ser apreendido pela suspeita de ter atirado contra ela, mas foi liberado após a conclusão do inquérito.
Na oportunidade, a Polícia Civil informou que tinha atendido ao pedido, e solicitado à Justiça uma medida cautelar de internação para o marido de Hyara Flor, em uma unidade socioeducativa. Os investigadores consideraram que a medida era necessária para a conclusão da nova apuração e garantiria a integridade física do adolescente.
O g1 teve acesso, com exclusividade, ao documento que comprova que a Justiça concordou com os argumentos e aceitou o pedido. O processo foi distribuído para tramitar em segredo de Justiça por se tratar de um caso que envolve menor infrator e vítima menor/incapaz.
Relembre o caso
Hyara foi morta com um disparo feito a cerca de 25 cm de distância dela; apontou perícia — Foto: Reprodução/TV Gazeta
👉 Hyara Flor, de 14 anos, foi morta após ser baleada no queixo, dentro da casa em que ela vivia com o marido.
👉 O caso aconteceu no dia 6 de julho de 2023 e a adolescente foi socorrida e levada para o Hospital Municipal de Guaratinga.
👉 Dentro da casa, foi encontrada uma pistola calibre 380, com dois carregadores e munições. Os objetos foram apreendidos e encaminhados à perícia.
👉 A necropsia do corpo provou que o tiro fez com que a garota asfixiasse no próprio sangue, até a morte.
👉 O crime aconteceu apenas 45 dias após o casamento de Hyara com outro adolescente, que assim como ela tinha 14 anos, e que também faz parte da comunidade cigana.
G1
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