As duas mulheres mortas no domingo (21), uma pela manhã e outra pela tarde, em Boa Vista de São Caetano, em Salvador, foram vítimas de execuções de traficantes do bairro. Enquanto o primeiro caso aconteceu na Travessa Colombo, na localidade da Formiga, o segundo foi registrado na Rua Yolanda, mais próximo à saída do bairro para a BR-324. Por isso, não há, ainda, indícios de que existe ligação entre as duas mortes. Elas são semelhantes, no entanto, pela forma violenta como aconteceram.
Uma fonte policial, que terá nome e cargo preservados, aponta que não há uma disputa entre facções no bairro, mas as execuções têm características de crimes ordenados pelo tráfico. “Foram duas mortes muito parecidas, com evidências claras de execução. Nos dois locais, não há marcas de tiroteio, nem há relato de moradores de que tenha ocorrido isso. As duas tomaram diversos tiros na cabeça, de um jeito que deixa recado”, afirma.
A informação de que não houve troca de tiros nos dois pontos foi confirmada pela reportagem nos locais. Na Formiga, onde houve o primeiro registro, moradores apontam que o caso aconteceu ainda na madrugada do domingo, antes do dia clarear. A vítima não foi identificada de maneira formal pela Polícia Civil (PC), que confirmou o caso. No entanto, quem mora no local afirma conhecê-la pelo prenome de Crislane.
“Ela [Crislane] era bem jovem, sempre vi por aqui andando, mas não sei se tinha envolvimento em alguma coisa. Na hora que mataram, como foi aqui perto, ouvi cinco tiros seguidos. Depois, mais nada. Eram umas 4h e, após um tempo, o povo começou a sair. Ela estava no chão e parece que teve só tiro na cabeça. As cápsulas das balas estavam do lado corpo”, conta um morador, que prefere não se identificar.
Ainda segundo moradores, as cápsulas espalhadas pelo chão são de um mesmo calibre: 12. Questionada sobre o crime, a PC informou que as guias para remoção e perícia foram expedidas e a 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS) vai apurar tanto as circunstâncias como a autoria e a motivação do crime.
O segundo caso, da Rua Yolanda, tem uma descrição parecida. Neste, a vítima é identificada pelos moradores como uma mulher trans de prenome Luna. Quem mora nas imediações do local conta que ouviu os tiros que mataram a vítima, mas não houve tiroteio após os disparos feitos por volta das 17h.
“Eu ouvi alguns tiros, foram vários, na verdade, mas todos em sequência. A gente se assustou, mas, quando é tiroteio, não costuma parar rápido. Você começa a escutar e [os disparos] continuam por um tempo. Quando ouvi o pessoal na rua e pareceu seguro, saí para ver, e ela estava no chão. Só sabia desse nome de Luna, mas não sei se morava aqui. A cena foi muito feia, atiraram bastante na cabeça”, relata a moradora, que tem medo de revelar o nome por conta de possíveis represálias.
No local, a reportagem também não encontrou marcas de disparos que pudessem indicar um tiroteio. As sandálias de Luna, no entanto, ainda estavam no ponto em que acabou morta.
Procurada para falar do caso, a PM-BA diz que agentes da 9ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Pirajá) foram acionados para o caso e encontraram a vítima sem sinais vitais. A corporação informou ainda que o DPT foi acionado para realizar a perícia e a remoção do corpo. A PC, por sua vez, confirmou que guias de remoção e periciais foram expedidas para as investigações. Ainda de acordo com a polícia, as circunstâncias, autoria e motivação do crime estão em fase de investigação.
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