Apesar de ‘prompters’, Geraldo Jr. faz discurso errático e usa entrevista antiga de Lula em convenção encerrada por governador para não fugir do controle

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A substituição do ponto eletrônico por três teleprompters para nortear o discurso que o candidato do governo à Prefeitura de Salvador, Geraldo Jr. (MDB), fez hoje (4) na convenção que homologou sua candidatura, na Arena Fonte Nova, mostrou-se um risco.

Indisciplinado, o emedebista preferiu seguir a própria cabeça, ao invés do discurso que rolava nos letreiros visíveis apenas para quem estava no palco, e acabou, como de costume, fazendo um discurso errático, sem começo, meio e fim claros.

Aguardado com expectativa pelos caciques do PT, exatamente por causa do hábito de Geraldo Jr. de zigue-zaguear com as palavras, o discurso terminou levando ansiedade e desconforto àqueles que o acompanhavam no proscênio.

O fato de repetir frases e ir e voltar em relação ao que se imaginava que pretendesse falar também fez com que, muito habilidosamente, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) resolvesse encerrar a apresentação do candidato.

Quando o discurso de Geraldo Jr. já ultrapassava 30 minutos, produzindo certo constrangimento principalmente na classe política, que costuma criticar seus pronunciamentos, Jerônimo decidiu chamar os mais próximos para a frente do palco, praticamente pondo um ponto final no evento.

Antes disso, o candidato fez críticas ao prefeito Bruno Reis e a seu antecessor, ACM Neto, do União Brasil, e atacou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cuja campanha à Presidência apoiou, como forma de se aproximar de Lula e do PT, apesar da ausência do petista na convenção.

Para cobrir a falta de Lula, a organização do evento apresentou o video de uma entrevista que o petista deu à Rádio Sociedade, no dia do Desfile do 2 de Julho, desejando que Geraldo Jr. vencesse as eleições.

A tentativa de nacionalizar a campanha, vinculando o emedebista a Lula e ao governo do Estado, já havia sido feita pelos políticos que o antecederam no palco, a exemplo de Jerônimo e do senador Jaques Wagner (PT).

Ao falar do prefeito Bruno Reis, o candidato do governo disse que seu grupo “aprendeu a lição das últimas eleições” e “assumiu lado político” no pleito deste ano, numa suposta referência a Bolsonaro.

“Dessa vez está definido: o presidente Lula, juntamente com o governador Jerônimo Rodrigues, declararam apoio a mim e a Fábya Reis (vice na sua chapa). Eles (os adversários) receberam o apoio do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que sinalizou que fará parte do programa de governo, das ações sinalizadas por esse partido”, afirmou.

Geraldo Jr. ainda pediu a união das religiões e dos diversos segmentos sociais da cidade para o pleito, salientando que “não tem chefe político”.

“O atual prefeito tem um chefe político, nós não. Temos um líder, que é o governador Jerônimo Rodrigues. Nós vamos vencer porque temos um grupo de líderes vitoriosos, não porque a vitória é certa, como eles dizem que já está ganho, mas sim necessária para Salvador”, completou.

No campo das propostas, a mais vistosa foi a de que vai aumentar o contingente da Guarda Municipal, cuja estrutura criticou, como forma de melhorar a segurança na cidade, prometendo uma espécie de secretaria de segurança municipal.

Numa tentativa de inflexão ao discurso da esquerda, com o qual sua trajetória mostra que nunca teve intimidade, também saiu-se com frases como “Salvador precisa fazer uma distribuição igualitária da sua riqueza”.

“A cidade tem que ser sustentável, tem que ter uma política mais justa, mais inclusiva e participativa”, declarou, numa alusão ao slogan segundo o qual seu eventual governo “vai cuidar de gente”.

Política Livre

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