O diretório do PT de Ituaçu, município localizado na Chapada Diamantina, acusa os principais líderes do partido na Bahia de atuarem para sufocar o candidato a prefeito da legenda no município em favor de um nome apoiado pelo PL, partido da base do ex-presidente Jair Bolsonaro. Seria mais uma articulação promovida por Lucas Reis, chefe de Gabinete do senador Jaques Wagner (PT) que será candidato a deputado federal em 2026, como já revelou em primeira mão a coluna Radar do Poder.
Apesar de o PT ter oficializado a candidatura à Prefeitura do professor Diego Machado, Lucas Reis teria convencido Wagner, o governador Jerônimo Rodrigues e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, os três cardeais petistas, a apoiarem a reeleição do prefeito Phellipe Brito, que é do PSD, partido do senador Otto Alencar. Em troca, Phellipe se comprometeu a ajudar na eleição de Lucas em 2026.
O apoio à reeleição do prefeito, que apoiou Jerônimo em 2022, só não teria sido oficializado pelo PT, com o sepultamento definitivo da candidatura do petista Diego, porque Phellipe antecipou-se e fez uma coligação com o PL na majoritária e a direção estadual do Partido dos Trabalhadores proibiu esse tipo de aliança com a sigla bolsonarista.
Pai de Phellipe, o ex-prefeito Albércio Brito, que está inelegível por conta de uma série de problemas na Justiça, inclusive sob a acusação de desvio de recursos federais da educação, se filiou à legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro e hoje a dirige no município.
Jerônimo já gravou vídeos com Phellipe e aparece nos cards e material de campanha do prefeito, assim como Wagner, Rui Costa, os senadores Otto Alencar (PSD) e Ângelo Coronel (PSD) e o deputado estadual Marquinhos Viana (PV). Em 2022, o prefeito apoiou como deputado federal Paulo Magalhães (PSD), com quem agora também rompeu para ficar com Lucas Reis.
“É com muita indignação que observo o desrespeito dos grandes líderes políticos do PT na Bahia com o PT de Ituaçu. O prefeito Phellipe Brito fez de tudo para esconder o presidente Lula durante a eleição de 2022. Agora, junto com Lucas, Wagner, Rui e Jerônimo, trabalham para destruir o PT em nossa cidade, Ituaçu, que deu uma expressiva votação para Jerônimo e Lula”, afirmou o vice-presidente da sigla no município, Aelson Soares, que é candidato a vereador.
Lucas Reis, Phellipe Brito e Jaques Wagner
Aelson contou ao site que, para tentar inviabilizar a candidatura a prefeito de Diego Machado, o PT baiano avisou que vai enviar pouco mais de R$ 10 mil de fundo eleitoral para a campanha do petista, “um valor ridículo”. Ele disse que a estratégia de Lucas Reis é impedir que Diego se torne mais uma ameaça à reeleição de Phellipe, que enfrenta outro oponente: o atual vice-prefeito Luiz Pessoa (PP), com quem rompeu.
O vice-presidente do PT de Ituaçu acusa ainda a direção estadual do partido de permitir que o prefeito atue para perseguir os petistas no município. O próprio Aelson chegou a ser impedido, quando era presidente municipal da sigla, de entrar na Câmara de Vereadores, onde Phellipe tem maioria, e só conseguiu voltar e ingressar nas dependências da Casa após uma ação judicial.
Eleição prioritária
Como já revelou a coluna Radar do Poder, a eleição de Lucas Reis em 2026 é uma prioridade para Wagner e para o presidente do PT baiano, Éden Valadares, além do chefe de Gabinete do governador, Adolpho Loyola, também petista.
O assessor do senador tem feito acordos políticos em diversas cidades durante as eleições municipais, inclusive utilizando as emendas federais disponibilizadas por Wagner. Em Barreiras, por exemplo, já garantiu o apoio do ex-deputado federal Tito, postulante petista à Prefeitura. Esse acordo afastou o MDB da chapa de Tito e irritou outros aliados.
Em Juazeiro, Lucas Reis tinha fechado um acordo com o ex-prefeito Isaac Carvalho (PT), que, no entanto, não pôde concorrer à Prefeitura porque segue inelegível. Por conta desse acerto é que Éden tentou manter o nome do ex-gestor no páreo até o limite.
Lucas Reis tem feito parcerias políticas em diversas outras cidades, a exemplo de Seabra e Mundo Novo. Costuma, inclusive, viajar de avião em agendas no interior.
Política Livre
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