Motociclista por aplicativo é morto a tiros durante tentativa de assalto em Salvador

Motociclista por aplicativo é morto a tiros durante tentativa de assalto em Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia

Um  motociclista por aplicativo foi morto a tiros durante uma tentativa de assalto na noite de quinta-feira (29), no bairro das Sete Portas, em Salvador. Familiares, amigos e colegas de profissão protestaram por justiça e paz na Avenida Antônio Carlos Magalhães (ACM), uma das principais da capital baiana, no início da tarde desta sexta (30).

Segundo a Polícia Civil, a vítima foi identificada como Kevin Pereira Piedade, de 24 anos. Informações preliminares apontam que o caso aconteceu na Avenida José Joaquim Seabra, quando a vítima parou a motocicleta próximo a uma lanchonete.

A Polícia Civil informou que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o caso inicialmente como latrocínio. Ainda não há detalhes sobre a autoria e motivação do crime.

Por volta das 12h15, os mototaxistas, com balões brancos, fizeram um intenso "buzinaço", na frente do Shopping da Bahia. A região ficou completamente engarrafada no sentido Avenida Paralela.

Kevin Pereira tinha recebido um pedido de corrida momentos antes e estava a caminho do cliente. Quando foi abordado por quatro homens, que estavam em duas motocicletas, o jovem reagiu a tentativa de assalto e foi baleado.

"Ele desceu da moto e aí começaram a brigar. Ele 'puxou' o celular e aí os bandidos acharam que era uma arma", contou uma testemunha que preferiu não revelar a identidade.

"Ele falou: 'Não me mate, eu tenho filhos para criar', mas eles não falaram nada, só meteram bala"Motociclista por aplicativo é morto a tiros durante tentativa de assalto em Salvador — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Motociclista por aplicativo é morto a tiros durante tentativa de assalto em Salvador — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O cliente de Kevin escapou do assalto, porque tinha voltado para o restaurante que estava, para pegar uma garrafa de água, que esqueceu na mesa.

"Quando ele estava descendo, minha mãe falou assim: 'Volte aqui e pegue a garrafa de água'. Nesse intervalo que ele voltou, foi a hora que ouvimos os tiros", disse a testemunha.

O corpo de Kevin Pereira foi levado para o Instituo Médico Legal (IML). A vítima era pai de dois bebês, gêmeos, de apenas 6 meses, e morava no bairro de Cosme de Farias.

O sepultamento de Kevin Pereira acontecerá às 16h30, no Cemitério Ordem 3ª de São Francisco, na Baixa de Quintas.

Tricolor, trabalhador e engraçado

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Durante o protesto, os amigos de Kevin Pereira o definiram com um jovem que gostava de fazer as pessoas rirem, trabalhador e fanático pelo time do coração: o Bahia.

Kevin Pereira também comemorava o nascimento dos dois filhos, gêmeos, nascido há seis meses. Ele começou a trabalhar como motorista por aplicativo há cerca de um ano, quando foi demitido da empresa que trabalhava como auxiliar de almoxarifado e gastou o dinheiro da rescisão para comprar a motocicleta.

O motociclista, irmão mais velho de três filhos, saía de casa todos os dias às 5h30 e só retornava para casa quando o movimento acabava. O jovem juntava dinheiro para pagar as parcelas restantes e o seguro da motocicleta.

"Ele era trabalhador, não merecia isso. Não trabalhava no Derba, nem na Surbubana por medo de ser assaltado", contou a esposa de Kevin, Taisa Santos.Motociclista era pai de gêmeos de 6 meses — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Motociclista era pai de gêmeos de 6 meses — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Taisa Santos, que tinha um relacionamento com Kevin há quatro anos, contou que tentou falar com o marido por volta das 16h, mas ele não atendeu o celular. Por volta das 18h30, um desconhecido atendeu a ligação e deu a notícia do assalto.

"Um morador atendeu e disse: 'Você tem que vir aqui, porque ele morreu'. Eu fiquei desesperada, liguei para meus amigos e fui", lembrou.

Na quinta-feira (29), antes de Kevin sair para trabalhar, ela pediu para que o marido trocasse de canal, enquanto um telejornal passava uma reportagem sobre violência, porque estava cansada de assistir tragédias.

"E hoje ele é a matéria", lamentou.

Na quarta-feira (28), o motorista por aplicativo parou de trabalhar para comprar uma pizza e foi assistir o jogo do Bahia contra o Flamengo com a esposa. Após o jogo, voltou para a rua e só retornou para casa depois das 2h30 de quinta.

"Ele era correria, já serviu a Marinha, vendeu capa de celular, fazia 'corres' como motoboy e todo trabalho honesto que ele encontrava", disse Taisa Santos, emocionada.

"Ele gostava de ficar com os amigos, com os filhos principalmente. Não merecia isso".
G1

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