O registro das candidaturas a prefeito, vice-prefeito e vereador aponta para um novo desenho partidário no cenário político brasileiro, com avanço de legendas conservadoras como o PL, Novo e Republicanos e o recuo de partidos tradicionais como PSDB, PDT, Cidadania, PV e PC do B.
O prazo final para o registro de candidaturas terminou às 19h desta quinta-feira (15). A análise da Folha considera dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) atualizados até 8h30 desta sexta-feira (16).
Ao todo, 454 mil candidaturas foram registradas, sendo 15 mil a prefeito, 15 mil a vice-prefeito e 423 mil a vereador. As eleições serão disputadas em 5.568 municípios brasileiros e o primeiro turno será em 6 de outubro.
Assim como em 2020, o MDB é o partido com mais registros de candidaturas pelo país (43.831), incluindo 1.923 candidatos a prefeito. Na outra ponta, o partido com menos representantes na eleição será o PCB, com apenas 31 candidatos, sendo 8 a prefeito.
O PT, partido do presidente Lula, teve aumento de 8% no número de candidatos a prefeito em comparação a 2020–serão 1.385 candidatos, contra 1.278 na eleição passada. Mas o número total de candidatos foi menor: passou de 3.1883 para 2.9437.
Seu principal oponente no campo nacional, o PL teve um crescimento de 53% no número de candidatos a prefeito, saindo de 972 para 1.483 . O impulso foi dado pela filiação de Jair Bolsonaro em 2021, na época presidente da República, que acabou perdendo a reeleição no ano seguinte.
Duas legendas que estiveram entre as maiores do país, PSDB e PDT enfrentam um viés de baixa, que se refletiu em uma queda brusca no número de candidatos a prefeito e em isolamento nas grandes cidades.
Envolto em uma crise desde a ascensão do bolsonarismo, o PSDB foi o partido que teve o maior baque no número de candidaturas a prefeito em números absolutos. Os tucanos tiveram 1.332 candidatos a prefeito em 2020 e terão 710 neste ano, uma queda de 47%.
Os tucanos terão sete candidatos a prefeito nas capitais, número reduzido em comparação com a eleição passada, quando foram 12 candidaturas, com 3 prefeitos eleitos – Palmas, Natal e Porto Velho.
Desta vez, o partido vai para a disputa ancorado em uma aliança ampla em Campo Grande, Vitória, Palmas e Florianópolis.
Em estados que já foram fortes redutos do partido, caso de São Paulo e Goiânia, o cenário é de isolamento. Na capital paulista, a escolha do apresentador Datena como candidato dividiu o partido, gerou embates internos e dissidências. O único aliado será o Cidadania, sigla que faz parte da federação, mas parte de seus líderes vão apoiar a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Em Goiânia, capital de um estado governado pelo PSDB por quatro mandatos, o partido lançou uma chapa pura liderada pelo jornalista empresário Matheus Ribeiro, que concorre a uma eleição pela primeira vez.
Em Curitiba e Belo Horizonte, que também já foram redutos tucanos, os pré-candidatos Beto Richa e João Leite desistiram de entrar na disputa na semana das convenções. Em Porto Alegre, o ex-prefeito Nelson Marchezan Jr (PSDB) não aceitou o concite para ser candidato por falta de uma coligação ampla.
O Cidadania, partido que desde 2022 forma uma federação com o PSDB, também teve uma queda vertiginosa no número de candidatos.
Há quatro anos, foram 530 postulantes a prefeituras pelo partido, número que caiu para apenas 110 na eleição deste ano. Dentre as capitais, o partido concorre só em Manaus.
A situação é semelhante no PDT, partido que ensaiou se posicionar como uma terceira força com as candidaturas presidenciais de Ciro Gomes em 2018 e 2022, mas enfrenta agora enfrenta um cenário de dificuldades.
O partido terá 620 candidatos a prefeito ante 973 nas eleições de 2020, uma queda de 36%. Parte expressiva das baixas aconteceu no Ceará, onde Ciro rompeu com o seu irmão, o senador Cid Gomes, decisão que implodiu o grupo político liderado por ambos, que foram governadores do estado.
O senador deixou o PDT e se filiou ao PSB em abril, o que resultou em uma debandada na legenda trabalhista: dos 67 prefeitos eleitos no estado há quatro anos, restaram apenas 9.
Nas capitais, serão seis candidaturas a prefeituras do PDT, que terá como prioridades Fortaleza, Porto Alegre e Aracaju, cidades onde conseguiram formar alianças mais amplias com siglas como PSDB, PSD e União Brasil.
Também registraram perdas expressivas nos números de candidatos o PV E PC do B, siglas que foram com o PT a Federação Brasil da Esperança. Em posição minoritária dentro da federação, as duas legendas lançaram menos candidatos nas eleições majoritárias e proporcionais.
Nas capitais o PV vai concorrer somente em Boa Vista, capital de Roraima. O PC do B não vai disputar nenhuma capital, cenário diametralmente oposto ao de 2020, quando lançou 12 candidaturas e firmou alianças pontuais com o PT.
Além do PL, outros partidos do campo conservador estão entre os que mais cresceram em número de candidaturas nas eleições deste ano.
O maior avanço aconteceu no Novo que teve apenas 31 candidaturas a prefeito há quatro anos, quando disputava sua segunda eleição municipal, e agora terá 246. O número de candidatos a vereador também deu um salto e cresceu 12 vezes, de 560 para 6.963.
O Republicanos também avançou no número de candidaturas, mas o crescimento foi mais tímido. O partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, teve 847 candidatos a prefeito em 2020 e agora terá 1.102, um avanço de 30%.
João Pedro Pitombo e Marina Pinhoni/Folhapress
0 Comentários