Nada de embates ou concorrência. Enquanto a corrida eleitoral é extremamente acirrada em alguns municípios do país, 216 cidades registram apenas um candidato a prefeito para o próximo pleito. Apropriadamente, essa é a situação vivida no município de Solidão, no sertão pernambucano, que tem pouco mais de 5 mil moradores: por lá, o empresário Mayco da Farmácia (PSB) é o único concorrente ao posto.
O Rio Grande do Sul é o estado com o maior número de municípios — são 43 — com concorrentes solitários ao Executivo municipal, conforme levantamento do GLOBO. Um exemplo é Vista Gaúcha, com a candidatura única de Claudemir Locatelli (MDB). A cidade está localizada a 485 km de Porto Alegre e tem cerca de 2,7 mil habitantes.
Do lado oposto estão estados como o Rio de Janeiro, em que apenas uma cidade passa pela mesma situação, como aconteceu em São José de Ubá. Localizado no Noroeste fluminense, o município de 7 mil habitantes, o segundo menor do território fluminense, terá o atual prefeito Gean Marcos (MDB) vivendo uma experiência inédita em sua vida política: disputará um pleito sem rivais.
Candidato à reeleição, o ex-policial militar concorreu ao cargo outras três vezes, saindo vencedor em duas, sempre com resultado apertado. Depois de se eleger duas vezes à Câmara Municipal, Gean venceu a eleição para prefeito em 2012, com 593 votos de vantagem para o adversário. A diferença foi ainda menor nos pleitos seguintes: em 2016, perdeu por margem de 156 votos, mas voltou à prefeitura no pleito de 2020, com 187 votos a mais que o então aspirante à reeleição.
— A gente aguardou até a última hora, mas, para a nossa surpresa, não tinha outro candidato registrado. Isso não é normal — observa Gean Marcos, que atribui ao seu “bom trabalho” a situação vivida neste ano. — A cidade está calma e pacífica, não tem foguete, não tem aquelas coisas. Aquela pressão toda não existe.
De acordo com a legislação eleitoral, neste cenário, basta um voto válido para que o candidato seja eleito, mesmo que todos os demais sejam brancos ou nulos. Portanto, esses nomes só deixarão de ser eleitos se nem eles próprios votarem em si.
Por conta da tranquilidade, Gean conta que sua estratégia eleitoral será menos intensa que nos outros pleitos. Além de menor custo, por contratar menos bandeiretes, por exemplo, ele também irá se poupar fisicamente, com menos atos de corpo a corpo:
— A gente anda muito no município e é muito cansativo andar em todas as casas, visitar as pessoas. Mas, dessa vez, vai ser mais tranquilo. Vai poupar o tempo. Vou fazer, inclusive, menos comícios.
Apesar da menor intensidade, o candidato à reeleição fala que o clima não será de “já ganhou”. Ele tentará convencer as pessoas da importância de se votar. Sua meta é conquistar o recorde de votos na cidade, para provar para “as esferas estadual e federal que não foi por acaso”.
Mesma situação Brasil afora
Além do Rio Grande do Sul, os estados de Minas Gerais e São Paulo são os outros com maior número de municípios com candidatos únicos. É o caso de Itaobim, localizada no interior de Minas Gerais, que já tem garantida a eleição de Fabiano Ribeiro, do Republicanos, para a prefeitura. A cidade tem hoje cerca de 19 mil habitantes.
Já em Piquerobi, São Paulo, Adriana Biffe, do MDB, disputa sozinha a prefeitura da cidade de cerca de 3 mil habitantes.
Pelo restante do país, municípios de Alagoas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins estão na mesma situação e não terão disputa pela prefeitura.
Fonte:O Globo
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