Criados na Segunda Guerra Mundial, os "walkie-talkies" são dispositivos de troca de mensagens de voz entre si via ondas de rádio.
A agência de notícias Associated Press afirmou que vários sistemas de energia solar de casas em Beirute também explodiram e que alguns "walkie-talkies" foram detonados durante funerais de vítimas do ataque aos pagers na terça-feira.
Houve relatos de dezenas de pequenas explosões pela capital libanesa, e várias imagens feitas pela cidade nesta manhã mostram focos de incêndio e "walkie-talkies" detonados (veja abaixo).
Walkie-talkies destruídos após explosões no Líbano, em 18 de setembro de 2024. — Foto: Telegram/Reprodução
Facha de prédio em Beirute pega fogo após explosões de walkie-talkies, em 18 de setembro de 2024. — Foto: Telegram/Reprodução
Fontes do governo libanês disseram à agência Reuters que os dispositivos atingidos nesta quarta também foram adquiridos há cinco meses, na mesma época em que o grupo comprou os pagers que explodiram na terça, em um ataque coordenado que matou 12 pessoas e feriu quase 3.000.
Os pagers — dispositivos de recebimento de mensagem por texto usados nas décadas de 1980 e 1990, antes de os celulares existirem — eram usados pelo grupo extremista como forma de comunicação para evitar rastreamento por Israel, já que, ao contrário de celulares, os pagers não têm GPS.
O Hezbollah, grupo extremista fundado no Líbano, tem atacado o norte de Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. Assim como o Hamas, o Hezbollah é financiado pelo Irã. Nas últimas semanas, as tensões entre o grupo extremista e Israel aumentaram, após um ataque do grupo a cidades israelenses no norte.
O governo do Irã condenou as explosões desta quarta e de terça-feira e também culpou Israel.
O governo israelense ainda não havia se pronunciado sobre as explosões de "walkie-talkies" até a última atualização desta reportagem. Após o caso, no entanto, o Ministério da Defesa de Israel afirmou que o foco da guerra está mudando para o norte do país (que faz fronteira com o Líbano, onde o Hezbollah atua), segundo a imprensa local.
Explosão de pagers
Pagers usados pelo Hezbollah explodiram, em 17 de setembro de 2024 — Foto: Reuters
As explosões dos pagers na terça-feira ocorreram em um intervalo de cerca de uma hora em locais como lojas, praças e supermercados. Doze pessoas, entre elas uma menina de 4 anos, morreram, e cerca de 3.000 ficaram feridas.
Segundo o jornal "The New York Times", a suspeita é que Israel implantou os explosivos em um lote de pagers encomendado pelo Hezbollah.
O governo do Líbano e o Hezbollah acusaram Israel de ter implantado explosivos dentro dos pagers, antes mesmo de que os aparelhos fossem comprados pelo grupo extremista.
Israel não se pronunciou, e os EUA negaram terem tido qualquer participação no ataque. Mas a imprensa norte-americana afirmou, com base em fontes de diferentes governos, que o Mossad, o serviço de inteligência de Israel, foi quem planejou e executou o ataque.
A publicação afirmou, em reportagem na terça, que uma carga explosiva com menos de 50 gramas foi colocada próxima à bateria, junto a uma espécie de interruptor. Isso possibilitaria que os pagers fossem detonados remotamente.
Os equipamentos haviam sido importados ao Líbano da Gold Apollo, fabricante de pagers com sede em Taiwan. A Gold Apollo, no entanto, informou que os aparelhos foram fabricados por uma empresa sediada em Budapeste. Os pagers foram produzidos pela BAC Consulting KFT, sediada na capital da Hungria.
Detalhes da explosão de pagers
Homem mostra como ficou pager após explosão — Foto: Telegram/Reprodução
Os explosivos utilizados para a explosão dos pagers — dispositivos de recebimento de mensagem por texto prévios ao celular — foram implantados através de um chip, eram indetectáveis e tinham um algoritmo específico para serem ativados, segundo disse nesta quarta a TV libanesa Al Mayadeen.
Fontes de segurança ouvidas disseram que um chip “IC” foi implantado nos dispositivos e que foi o material de lítio que alimenta o “pager” que, ao receber a mensagem, provocou a explosão, e não a bateria, como se suspeitava inicialmente.
Em cerca de 4 segundos após receber o som da chamada com uma mensagem escrita, os dispositivos explodiram automaticamente, tanto para quem os abriu quanto para quem não os abriu. Apenas os pagers que estavam desligados ou em áreas sem sinal não explodiram, assim como os dos tipos antigos.
A explosão foi realizada através de uma mensagem com tecnologia avançada que ativou o material explosivo oculto, que utilizava técnicas complexas com algoritmos específicos para a operação.
O método usado é tão moderno que os explosivos não puderam ser detectados por nenhum dispositivo de verificação convencional, nem mesmo por países e aeroportos globais.
G1
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