Salvador é a capital mais pobre do Brasil e recorde em desnutrição infantil, aponta levantamento

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Maior proporção de pessoas com renda domiciliar per capita por dia inferior a US$1,9 (menos de R$ 11,00), percentual recorde em desnutrição infantil do país, capital com menor PIB per capita e com maior taxa de desocupação. Todos esses índices credenciam Salvador ao posto de capital mais pobre do Brasil, de acordo com dados do levantamento “Mapa da Desigualdade entre as Capitais”, elaborado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), no qual o BNews teve acesso.

Divulgado neste ano, o estudo conta com o apoio da União Europeia (UE) e da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), e elenca as 26 capitais brasileiras por seu desempenho em uma série de tópicos. Os números mostram Salvador como a pior capital em diversos índices.

Mais de 11,15% dos soteropolitanos ganham menos de US$1,9 por dia, no caso, R$ 10,90 — considerando a conversão atual. Se considerarmos os dados do Censo 2022 elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostram Salvador com 2,4 milhões de habitantes, mais de 270 mil pessoas possuem renda mensal igual ou inferior a R$ 327,00 — valor equivalente a menos de 1/4 do salário mínimo.

ICSOutro índice negativo relacionado à pobreza na capital baiana é o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que é — mais uma vez — o pior entre as 26 capitais. Com pouco mais de R$ 20,4 mil de PIB per capita, Salvador aparece no top 3 entre as capitais piores ranqueadas, juntamente com Belém (PA), que possui média de R$ 20,5 mil, e Maceió (AL), com PIB per capita de R$ 22,3 mil.

Além disso, Salvador também é a capital com maior taxa de desocupação (16,7%) — que o IBGE define como pessoas que não possuem nenhum tipo de trabalho. Neste quesito, considerando os dados do Censo 2022, a capital baiana possui mais de 400 mil pessoas nessa situação.

ICS

Outro aspecto que chama atenção é que, ainda de acordo com os dados do Mapa da Desigualdade, Salvador também é a capital com maior percentual recorde de pessoas inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) para programas sociais, mais de 88%. Ou seja, das 2,4 milhões de pessoas que moram na capital baiana, mais de 2,1 milhões estão inscritos no CadÚnico.

O percentual de crianças menores de 5 anos desnutridas em Salvador também assusta. Os dados do Mapa da Desigualdade, apontam Salvador — novamente — como a pior capital neste quesito, com 4,03% das crianças abaixo de 5 anos de idade na condição de desnutrição — o cálculo é feito no total de crianças nesta faixa etária.

O índice de Salvador é quase o dobro em relação à segunda colocada no ranking: Belém (PA), com 2,19% de crianças nesta condição.

ICS

Combate à pobreza

O BNews questionou a Prefeitura de Salvador acerca dos dados sobre pobreza no Mapa da Desigualdade e as medidas adotadas para tratar o tema. Por meio de nota, a gestão municipal informou que investe mais de 86% dos recursos nas áreas mais carentes da cidade, além de desenvolver um conjunto de políticas públicas voltadas para a população mais vulnerável.

“Uma delas é o programa Vida Nova, pacote com 25 ações integradas de assistência social voltadas para a população em vulnerabilidade que conta com investimento de mais de R$200 milhões. Este é o maior projeto de assistência social já lançado pelo município e visa reduzir a desigualdade social garantir mais dignidade para famílias carentes”, dizia o posicionamento da prefeitura.

Confira a nota da  Prefeitura de Salvador na íntegra:

A Prefeitura de Salvador informa que adotou, nos últimos anos, uma série de medidas para reduzir as desigualdades sociais e a pobreza na capital baiana. A gestão municipal investe mais de 86% dos recursos nas áreas mais carentes da cidade, além de desenvolver um conjunto de políticas públicas voltadas para a população mais vulnerável.

Uma delas é o programa Vida Nova, pacote com 25 ações integradas de assistência social voltadas para a população em vulnerabilidade que conta com investimento de mais de R$200 milhões. Este é o maior projeto de assistência social já lançado pelo município e visa reduzir a desigualdade social e garantir mais dignidade para famílias carentes.

Entre as ações do Vida Nova está a contratação de 11 Unidades de Acolhimento Residencial Transitório, num total de 385 vagas. A Prefeitura também vai manter as atuais 17 Unidades de Acolhimento Institucional (UAI), que oferecem 1,7 mil vagas voltadas para abrigar pessoas em situação de rua.

A gestão municipal vem fazendo investimentos robustos para qualificar os serviços essenciais, como educação e saúde. Na educação, a Prefeitura conta em 2024 com o seu maior orçamento da história, de R$2,7 bilhões, garantindo merenda de qualidade para as crianças, além de investimentos em tecnologia, na entrega de 52 novas escolas até o final deste ano e na valorização e formação dos profissionais. Na saúde, a capital baiana está próximo de 70% de cobertura da atenção básica - em 2013, esse percentual era de apenas 18%.

Na geração de empregos, ações da Prefeitura já capacitaram mais de 60 mil pessoas para o mercado de trabalho em cursos que abrangem o programa Treinar para Empregar, a exemplo dos projetos Mulher SSA, Simm PCD, Simm Prepara, Simm 50+ e Projeto Geração SSA. Vale lembrar que, no primeiro semestre deste ano, Salvador registrou um aumento de mais de 160% na geração de emprego em relação ao mesmo período de 2023, sendo a capital líder no Nordeste.

Além disso, a Prefeitura também investiu em conjuntos habitacionais, como o Guerreira Zeferina e o Vila Barra Branco, que transformaram a realidade da população nas regiões do Subúrbio Ferroviário e do Alto do Peru.

A gestão municipal está executando também o projeto Mané Dendê, que inclui os bairros Alto da Terezinha, Itacaranha, Ilha Amarela, Plataforma e Rio Sena. Este é o maior programa de investimentos da história da cidade, com cerca de R$ 740 milhões. No total, 710 residências serão erguidas no entorno, entre prédios e casas para abrigar famílias que residiam em situação precária de moradia. Quase 300 moradias já foram entregues.

Na área da habitação ainda há o programa Morar Melhor, que já reformou mais de 50 mil casas em situação de precariedade nas regiões mais carentes da cidade, garantindo mais dignidade para milhares de famílias.

BNEWS

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