“Você conhece o Nordeste de Amaralina?”, questiona o delegado Antônio Carlos Magalhães Santos ao se defender das denúncias de assédio sexual feitas por quatro investigadoras da Polícia Civil. A linha de defesa do delegado, que foi exonerado a pedido, no último dia 24, é de que as policiais não queriam trabalhar na 28º Delegacia de Polícia Territorial, no Nordeste de Amaralina. Segundo Antônio Carlos, as supostas vítimas inventaram as denúncias porque não queriam trabalhar na região, que tem histórico de violência armada.
“Ninguém, nem o pessoal da Polícia Civil, quer ir lá no Nordeste de Amaralina. É uma área conflagrada pelo tráfico, perigosa. A secretaria [Secretaria de Segurança Pública da Bahia] colocou essas quatro meninas para trabalhar lá. Elas arrumaram um meio, junto com o pessoal do sindicato [Sindicato dos Policiais Civis da Bahia], fizeram essa armação, para sair de lá”, disse Antônio Carlos Magalhães Santos em entrevista ao CORREIO.
Uma prova da “armação”, segundo o delegado, seria a de que o sindicato solicitou a remoção delas da delegacia. As investigadoras foram aprovadas em um concurso recente da Polícia Civil. “Não existe necessidade de tirar elas de lá porque eu já saí. Pelo que soube, a Secretaria de Segurança Pública já sabe as verdades dos fatos e elas vão continuar [trabalhando] lá. Ou seja, elas criaram uma situação para se beneficiar e não vão ser beneficiadas”, completa.
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Como foi revelado pelo CORREIO, as denúncias feitas pelas servidoras ao sindicato e, posteriormente, encaminhadas à Corregedoria da Polícia Civil, dão conta que o delegado fazia piadas com teor sexual, tocava os corpos das colegas de trabalho e fazia convites para passeios de lancha. Antônio Carlos nega as acusações e diz que foi surpreendido pelas denúncias.
"Minha relação com elas era ótima. Para mim, foi uma baita surpresa. Não tinha problema nenhum com elas. Às vezes, uma discussão boba, coisa normal entre chefe e subalterno. Mas nada que chegasse a esse ponto como chegou. Foi mais uma grande decepção na minha vida"
“Não existe, nas declarações delas, nenhuma prova concreta que
comprove que houve assédio sexual ou constrangimento ilegal. É uma
dizendo que viu a outra, mas sem prova de nada. Estou com as peças na
mão para ser ouvido na corregedoria para poder finalizar isso”, afirma o
delegado. Antônio Carlos afirma que já foi intimado para prestar
depoimento. O delegado já foi réu em processo de estupro contra uma adolescente de 17 anos.
Após as notícias de que as investigadoras denunciaram o delegado, uma mulher procurou o Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia para relatar que foi assediada por Antônio Carlos Magalhães Santos quando foi registrar uma denúncia. Questionado sobre isso, o delegado negou. “Quando acontece isso, sempre vai aparecer alguém, é normal. Se isso acontecer, eu vou contraditar e ela vai ter que provar”, diz. A polícia confirmou que delegado foi exonerado por conta de denúncias de assédio sexual.
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