Seis pessoas foram atingidas por tiros durante o tiroteio em operação policial no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quinta-feira. Três delas morreram horas depois de ser socorridas. O confronto levou ao fechamento da Avenida Brasil. Um dos mortos é Paulo Roberto de Souza, de 60 anos, que chegou morto ao Hospital Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias. Ele chegou à unidade já morto, com um tiro na cabeça. A operação foi encerrada em razão da forte resistência dos criminosos.
Júlio Santos da Costa, amigo de Paulo Roberto de Souza, disse que a vítima trabalhava como motorista de aplicativo e chegou a ser socorrida por um passageiro. No entanto, apesar de ter sido levado para o Hospital Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias, Paulo não resistiu.
— A bala entrou por trás do carro e pegou, infelizmente, na cabeça dele. O passageiro socorreu, ajudou e veio até aqui junto com um policial, mas ele veio a óbito. Ele era motorista de aplicativo, estava trabalhando, mais um trabalhador perdendo a vida por conta desses tiroteios no Rio de Janeiro — contou Júlio Santos da Costa.
Segundo Júlio, a vítima deixa filhos, neto e a esposa. O vigilante afirma que a lembrança que o amigo deixa é de uma pessoa honesta e trabalhadora:
— Ele era muito honesto, trabalhador, mas o Rio está isso aí. Agora tem que descobrir de onde veio essa bala e prender os marginais dessa guerra constante na cidade.
Outro morto é Renato Oliveira Alves Reis, de 48 anos, também baleado na cabeça. Ele estava sentado em um banco do ônibus 493 (Central x Ponto Chic), da empresa Tinguá, cochilando, quando a bala o acertou. Ele havia sido levado para o Hospital Federal de Bonsucesso em estado gravíssimo.
O filho de Renato Oliveira chegou ao Hospital Federal de Bonsucesso antes das 9h, abalado com a notícia de que o pai fora baleado na cabeça dentro do ônibus na Avenida Brasil. Ele não quis se identificar nem falar com a imprensa, saiu da unidade hospitalar para receber Adonias Cláudio dos Santos, de 39 anos, amigo de Renato que também estava no ônibus quando o tiroteio começou. Os dois deram um abraço emocionado e voltaram juntos para o hospital.
Renato Oliveira morava no bairro Cerâmica, em Nova Iguaçu, e trabalhava numa empresa terceirizada que oferece serviços à Marinha. Nesta quinta-feira, decidiu que iria fazer o café da manhã no trabalho, colocou refrigerante e mortadela na bolsa, e esperou o amigo Adonias Cláudio dos Santos para pegarem o ônibus 493 (Ponto Chic x Central).
Segundo Adonias, o tiroteio começou rapidamente e obrigou os passageiros do ônibus Tinguá x Central a se jogarem no chão. Renato, contudo, não teve tempo de reação:
— Eu olhei para trás e vi o sangue saindo da cabeça dele. Como vai ser agora? Nós éramos vizinhos, nós víamos todo dia! A realidade do Brasil é essa, a gente sai de casa e não sabe se vai voltar.
Adonias contou que o amigo tirou um cochilo durante a viagem de ônibus:
— Ele estava indo para o trabalho e ia fazer o café da manhã. Ele estava com refrigerante e mortadela na bolsa, aí, falou assim: “Adonias, eu vou dar um cochilo aqui”. E eu respondi com um “vai lá, quando chegar próximo eu te aviso”. Mas olha aí…. É muita tristeza, a gente fica sem chão — lamentou Adonias.
Outro homem levou tiro no antebraço esquerdo, foi atendido e teve alta no Hospital de Bonsucesso. O terceiro internado é Pedro Henrique Machado Moreno de Sousa, de 27 anos. Ele foi ferido nas nádegas. O tiro transfixou e passou pelo sacro, no final de uma vértebra, e saiu pela frente. Ele ficará internado no setor de ortopedia em observação. Ele está sob escolta da polícia. Os três foram socorridos por equipes da Polícia Militar. A operação foi encerrada em razão da forte resistência dos criminosos.
Três baleados foram levados para o Hospital Municipal Dr Moacyr Rodrigues do Carmo. Paulo Roberto de Souza, de 60 anos, que chegou à unidade já morto, com um tiro na cabeça. O motorista de caminhão Geneilson Eustáquio Ribeiro, de 49 anos, também ferido na cabeça. Ele foi transferido para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), onde foi operado, mas morreu por volta das 15h. Geneilson trabalhava em uma empresa especializada em transportes e fretes, a Velocitta.
Em nota, a direção do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN) informou que o paciente Geneilson Eustaque deu entrada na unidade às 10h46, desta quinta-feira (24), transferido do Hospital Municipal DR Moacyr Rodrigues do Carmo (HMMRC), vítima de perfuração por arma de fogo em crânio, entubado e com quadro considerado gravíssimo. Ele foi encaminhado diretamente ao centro cirúrgico para procedimento de craniectomia descompressiva, mas devido a gravidade do ferimento, o mesmo não resistiu.
Alayde dos Santos Mendes, de 24 anos, teve perfuração na coxa direita, com lesão superficial. Após avaliação médica, ela recebeu alta hospitalar com orientações.
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