Traficante Peixão: de intolerância religiosa ao luxo de mansões com lago artificial e carpas

Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, é chefe do tráfico no Complexo de Israel — Foto: Reprodução
Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, é chefe do tráfico no Complexo de Israel — Foto: Reprodução

 

 

Apontado pela Polícia Civil como o responsável pelo controle do tráfico de drogas no Complexo de Israel, área que reúne as comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cinco Bocas, Pica-Pau e Cidade Alta, na Zona Norte do Rio, Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, diz ser evangélico. Ele também é acusado de intolerância religiosa por não permitir o culto de religiões de matrizes africanas e de determinar a destruição de terreiros.

Mas, não é só isso. Em julho último, moradores chegaram a divulgar, em redes sociais, que o bandido havia determinado a proibição de festejos juninos em três igrejas católicas, localizadas no entorno do Complexo de Israel. Na ocasião, a arquidiocese negou as ameças do tráfico e disse que os festejos ocorreram normalmente. Apesar disto, na época, foi possível notar uma pichação com a sigla do Terceiro Comando Puro(TCP), em um dos muros laterais da Igreja de Santa Edwiges, em Brás de Pina. Peixão faz parte da cúpula da facção criminosa citada. Já o local onde o muro foi pichado fica próximo a um acesso à Favela Cinco Bocas, uma das áreas controladas pelo bandido.

Para marcar território onde mantém domínio, Peixão costuma usar símbolos como a bandeira de Israel e a Estrela de Davi. Na Cidade Alta, uma caixa d'água ostenta a estrela que atrai proteção divina. Em 2021, durante uma operação em Parada de Lucas, policiais civis localizaram uma das casas que seria usada pelo traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa.

No imóvel, um enorme painel na área externa, ao lado de uma grande piscina, surpreendeu os agentes. Tratava-se de uma pintura reproduzindo parte da cidade de Jerusalém. Já num esconderijo subterrâneo usado pelo traficante para se esconder durante incursões policiais, agentes encontraram — além de munição para uma metralhadora antiaérea e coletes balísticos — uma edição de luxo da Torá, o livro sagrado de escrituras religiosas judaicas.

O domínio de Peixão — Foto: Editoria de Arte
O domínio de Peixão — Foto: Editoria de Arte

Mais recentemente, no início de outubro de 2024, policiais descobriram duas residências que serviam com uma espécie de resort para o traficante. No imóvel mais luxuoso, em Parada de Lucas, havia um lago artificial com carpas. A propriedade tinha laterais com gramados, além de jardins, cercando os muros. Pedras naturais também são usadas para a decoração.

Já em outra casa, em Vigário Geral, a polícia encontrou aparelhos de ginástica de última geração. No espaço, além de aparelhos de ar condicionado e espelho, uma Estrela de Davi está estampada em um dos equipamentos.

Álvaro Malaquias Santa Rosa está com prisão decretada e é considerado foragido da Justiça. Além do Complexo de Israel, o bandido também controla o tráfico em algumas comunidades de Nova Iguaçu e de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo a polícia, Peixão integra a cúpula da facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP).

Nesta quinta-feira, policiais militares realizaram uma operação no Complexo de Israel e foram recebidos a tiros. Por conta do confronto, balas perdidas atingiram seis pessoas. Três não resistiram aos ferimentos e morreram. Um dos mortos é Renato Oliveira Alves Reis, de 48 anos. Ele estava sentado em um banco do ônibus 493 (Central x Ponto Chic), da empresa Tinguá, cochilando, quando uma bala perdida o acertou na cabeça. Levado para o Hospital Federal de Bonsucesso em estado gravíssimo, ele não resistiu aos ferimentos. 

Fonte:Extra o Globo

Postar um comentário

0 Comentários