Apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol), o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) mantém um gabinete ativo na Câmara dos Deputados, com uma equipe de 24 assessores. Desde que ele está preso, a Casa Baixa desembolsou quase R$ 1,2 milhão para manter os funcionários.
Chiquinho Brazão foi preso em 24 de março deste ano por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além dele, as investigações da Polícia Federal (PF) apontaram como mandantes o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
O levantamento do Metrópoles considera o valor da remuneração bruta dos funcionários no gabinete de Chiquinho Brazão, com dados da folha de pagamento de abril a outubro deste ano. Para o cálculo, também são considerados valores relativos a auxílios e remunerações eventuais.
No período, a Câmara desembolsou um valor médio de R$ 170 mil por mês para remunerar os funcionários de Brazão.
A reportagem esteve no gabinete em diferentes momentos, no entanto, não encontrou nenhum funcionário presente e a sala do parlamentar estava trancada. O Metrópoles também telefonou para o gabinete e, após ter a ligação redirecionada, foi informado que não havia expediente naquele dia.
O Metrópoles procurou a equipe de Chiquinho Brazão sobre o expediente no gabinete e o gasto com funcionários, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto.
Morte de Marielle Franco
Marielle Franco foi baleada depois de participar de um evento público na capital carioca, em 14 de março de 2018. O carro em que ela estava foi atingido por 13 tiros, que também mataram o motorista Anderson Pedro Gomes.
A investigação aponta que o caso está ligado à grilagem de terras na zona oeste do Rio de Janeiro por milicianos. A Procuradoria-Geral da República (PGR), em denúncia apresentada ao STF, destacou que Marielle foi morta por representar um obstáculo para os interesses econômicos dos irmãos Brazão.
Em junho deste ano, a Primeira Turma do STF abriu ação penal contra os acusados de planejar o assassinato. Assim, tornaram-se réus os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, o delegado Rivaldo Barbosa e o ex-policial Ronald Paulo de Alves.
Em depoimento no STF, Chiquinho Brazão informou que, apesar de participar de comissões na Câmara de Vereadores do Rio, nunca teve interesse em receber denúncias contra facções criminosas.
“Caso de polícia eu nunca tratei. Eu nunca me interessei. A Marielle também corria desses assuntos. Tenho família que frequenta Jacarepaguá. Não quero saber o que é milícia ou o que é tráfico”, afirmou o deputado.
Processo de cassação de Chiquinho Brazão
Em setembro, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados negou o recurso apresentado pela defesa do deputado que pedia a anulação da recomendação pela cassação de Chiquinho Brazão, aprovada pelo Conselho de Ética da Casa.
A defesa de Brazão alegou que houve parcialidade da relatora no Conselho de Ética, deputada Jack Rocha (PT-ES). “Das 14 testemunhas indicadas no plano de trabalho, apenas três foram ouvidas, embora, posteriormente, tenha havido substituições e outras tenham sido ouvidas, a verdade é que daquelas primeiras testemunhas apontadas como indispensáveis, 11 opuseram resistência à oitiva. Isso é, na compreensão da defesa, uma clara violação ao exercício do direito à ampla defesa e ao contraditório”, argumentou o advogado de defesa Murilo de Oliveira.
Agora, o processo aguarda análise do plenário, onde necessita, para aprovação, o voto de pelo menos 257 deputados federais. A votação é aberta e nominal. No entanto, ainda não há uma previsão de quando o pedido de cassação será analisado no plenário.
Metrópoles
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