Acusado por familiares de Paulo Daniel Pereira, 24 anos, e Matuzalém Silva, 25, funcionários desaparecidos de um ferro-velho em Pirajá, Marcelo Batista Silva, dono do local, já foi processado pelo crime de tortura contra pessoas que empregou. Em 2018, o Ministério Público Estadual (MPE), denunciou o empresário após um inquérito policial apontar a prática criminosa por ele cometida no ano de 2017.
"No dia 25 de setembro de 2017, por volta das 13h30min, no interior da empresa de reciclagens Pró Metais, no Km 9, bairro Pirajá, nesta capital, o denunciado constrangeu as duas vítimas mediante emprego de violência e grave ameça, com a finalidade de obter informações acerca da autoria da prática de suposto crime de furto na sua empresa", descreveu o MPE na denúncia submetida contra ele.
No documento, foram apresentados os laudos médicos que comprovaram as lesões dos funcionários que prestaram queixa contra Marcelo. No dia do crime, de acordo com o inquérito, o empresário teria prendido as duas vítimas no ferro-velho, acusando de pegar materias do local. Com os dois rendidos, as agressões e a tortura foram iniciadas.
"Marcelo trancou um dos funcionários nos galpões da empresa, algemando-o. Após confinar a vítima, o denunciado começou a agredi-la proferindo ameaças e retendo seus documentos pessoais. Registra-se que, durante a ação, o autor empreendeu violência física e psicológica, torturando-a para obter informações acerca do sumiço de barras de cobre de propriedade da empresa", diz a promotoria do MPE em denúncia.
Ainda no documento, a acusação descreveu as violências praticadas contra a segunda vítima do caso. "O outro funcionário da referida empresa foi igualmente algemado, agredido e torturado por não ter avisado ao acusado que a primeira vitima, supostamente cometera os furtos das barras de cobre", completa a acusação.
O processo corrobora com a acusação feita pela mãe de Paulo Daniel, que prefere se identificar apenas como Mari em entrevista ao CORREIO. "*Segundo os depoimentos que foram prestados em rede nacional e que a gente recebeu, os funcionários disseram que ele botava a mão dos funcionários na prensa, que ele batia de pau. Foram informações que ex-funcionários passaram", conta ela.
Em meio às buscas por Paulo Daniel e Matuzalém, a defesa de Marcelo entrou com um pedido de habeas-corpus preventivo para o empresário. A ação, acessada pela reportagem no sistema do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) foi protocolada na noite de quinta-feira (7). No texto, a solicitação da defesa era de um salvo conduto 'por figurar o paciente como suposto autor de crime de homicídio'.
Ciente do pedido, a mãe de Paulo Daniel fez apelo para que o habeas-corpus não seja concedido. "Eu pergunto à justiça, vocês vão liberar o habeas-corpus para se assassino diante de tantas provas que vocês estão tendo aí? A justiça vai liberar? Porque, se a Justiça liberar, vai mostrar que não está do meu lado, não está do lado dos pobres, não está do lado das duas famílias que estão sofrendo", falou Mari.
Na quinta-feira (7), buscas foram realizadas nas imediações do ferro-velho, mas nada foi encontrado. Não há ainda liberação para buscas da polícia no interior da empresa.
Apesar das acusações dos familiares, a Polícia Civil não trata oficialmente o empresário como suspeito pelo desaparecimento dos dois trabalhadores até o momento.
Correio
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