O tradicional Samba do São Lázaro, que ocorre todas as sextas-feiras no local de mesmo nome, entre os bairros da Federação e Ondina, em Salvador, tem sido alvo de diversas críticas nas redes sociais. O motivo principal é o barulho proveniente da festa, que se estende até a madrugada, e os congestionamentos na região.
Além das queixas sobre o volume do som, há relatos de assaltos na área. Uma frequentadora do evento publicou em sua rede social que, ao sair da festa, teve seu celular roubado por três homens, sendo que um deles estava armado com uma faca.
“Três caras, um deles com uma peixeira enorme, levaram o celular de pelo menos 10 pessoas ao longo da via. Todos eram pedestres. Foi uma cena horrível, tipo um arrastão! Todas as vítimas estavam aguardando algum meio de transporte para sair de lá. Não vacilem”, alertou a frequentadora do Samba do São Lázaro.
O vereador Duda Sanches (UB) chegou a oficiar a Prefeitura, alegando que o evento tem se prolongado até as 6h: "A festa, que se inicia às 21h e se estende até a manhã do dia seguinte, chegando a ser encerrado às 6h. O evento tem comprometido a qualidade de vida de muitos moradores da Federação e Ondina, que são obrigados a enfrentar noites em claro devido ao barulho", diz a nota do parlamentar.
Nas redes sociais, circula um comunicado atribuído ao perfil “Te Vi no São Lázaro”, rebatendo o parlamentar. “O Samba do São Lázaro tem fortalecido diversas famílias por meio do comércio, e esse espaço fomenta uma estrutura essencial para a sobrevivência de muitas pessoas. Não é justo se colocar contra um evento autônomo, realizado por pessoas pretas e sem qualquer incentivo do estado ou do município. Parece que sua postura como representante do povo se volta apenas à burguesia branca, que vive em seus palacetes e apartamentos privados. Na periferia, a realidade é outra”, diz o comunicado.
Ainda no card que circula nas redes, é afirmado que não há problemas com os vizinhos do evento. “Sua declaração de que a comunidade está contra o evento não é verdadeira, pois a comunidade apoia e a direção do samba mantém diálogo constante com os moradores das redondezas. Inclusive, antes do samba, havia um movimento de som automotivo do tipo paredão, e sempre pedimos que as pessoas respeitem a comunidade, evitando som em carros”.
Por fim, o comunicado relaciona a denúncia a questões raciais. “O racismo sempre ocorre, não apenas de forma velada, como em sua fala, mas também nos corpos que são mortos por um sistema que se opõe às nossas articulações, seja culturalmente ou de outras formas em que pessoas pretas se manifestam".
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Salvador para saber se alguma medida já foi tomada, mas até a publicação dessa matéria não houve resposta. O espaço fica aberto para pronunciamento da gestão.
Campanha
Nas
redes sociais, teve início uma campanha em apoio ao evento, com o
público manifestando apoio ao Samba do São Lázaro. Com a hashtag “Não
Deixe o Samba Morrer” – uma referência à música de sucesso da intérprete
Alcione –, o grupo Oz Favoritos, que se apresenta no evento, incentiva o
compartilhamento para "mostrar a força cultural dos sambistas".
Nos comentários do post, compartilhado também na página oficial do Samba de São Lázaro, diversas pessoas defendem o evento. “Pobre não pode ter lazer nenhum aqui nessa cidade, meu Deus!”, comentou um usuário. Outro seguidor fez uma proposta: “O que deveria ser feito é melhorar o São Lázaro, viabilizando uma estrutura maior para essa manifestação cultural, que tanto agrega e nos faz bem. E o mais importante, gera renda, movimenta o comércio local e se consolida cada vez mais como um ponto cultural de nossa cidade”.
Fonte:BNEWS
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